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Cresce no Brasil expectativa por vacinação em meados de janeiro

O Ministério da Saúde disse que uma "melhor hipótese" para o começo da vacinação seria em 20 de janeiro, mas Anvisa e Fiocruz correm contra o tempo

 (Charles Platiau/Reuters)

(Charles Platiau/Reuters)

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Carolina Riveira

Publicado em 6 de janeiro de 2021 às 09h15.

Última atualização em 6 de janeiro de 2021 às 12h12.

As notícias desta semana aumentaram a expectativa de que o Brasil possa confirmar um começo de vacinação ainda para o mês de janeiro. Na terça-feira, 5, a Fundação Oswaldo Cruz divulgou nota afirmando que segue com o plano de importação de 2 milhões de doses da vacina de AstraZeneca e Universidade de Oxford, vindas de um laboratório parceiro que fabrica o imunizante na Índia.

"A estratégia é contribuir com o início da vacinação, ainda em janeiro, com as doses importadas", escreveu a Fiocruz em nota.

As doses de AstraZeneca/Oxford importadas nesta leva pela Fiocruz estão sendo fabricadas pelo Instituto Serum, parceiro da AstraZeneca na fabricação do imunizante contra a covid-19 e o maior fabricante de vacinas do mundo.

Vale lembrar, não há relação direta entre essa compra e a compra da Covaxin, do também indiano Bharat Biotech, negociada por clínicas particulares, que tentam comprar 5 milhões de doses.

A Fiocruz também confirmou que o Serum venderá as doses a 5,25 dólares cada ao mercado, incluindo ao Brasil. Com a compra das 2 milhões de doses, além de custos de logística e armazenamento, o custo ao Brasil deve chegar a pouco mais de 59 milhões de reais.

Além da importação de doses prontas, a Fiocruz é uma das oito parceiras na produção da vacina de AstraZeneca/Oxford, na fábrica de Biomanguinhos. A fundação espera ter capacidade de produzir 210,4 milhões de unidades da vacina ao longo de 2021. Na compra do insumo para produção, o custo é menor que a das doses prontas, a 2,30 dólares.

Prazo limite

O Ministério da Saúde disse nesta semana que uma "melhor hipótese" para o começo da vacinação seria em 20 de janeiro e a "pior", em 10 de fevereiro, mas ainda não confirmou uma data.

Para manter o prazo otimista de 20 de janeiro, contudo, a Anvisa terá de trabalhar sob pressão, uma vez que nem Fiocruz nem Sinovac/Butantan apresentaram, por ora, os pedidos de registro das vacinas.

Segundo a agência Reuters, esperava-se que a Fiocruz apresentasse uma solicitação para a vacina da AstraZeneca até esta quarta-feira, 6, mas pedidos adicionais de informações por parte da Anvisa adiaram essa data para até sexta-feira, 8.

Como a Anvisa disse que precisaria de 10 dias para a análise (e com a vacinação começando cinco dias depois disso), fica mais distante a possibilidade de começar a vacinação em 20 de janeiro.

Técnicos da Fiocruz se reuniram ontem com a Anvisa para tratar do pedido de registro emergencial. Nesta quarta-feira, 6, há ainda uma reunião marcada para tratar de outra vacina, a do Instituto Butantan com a Sinovac.

Pressionado pela falta de perspectiva do início da vacinação no Brasil -- enquanto vizinhos como Argentina e Chile já começaram a vacinar --, o governo federal espera conseguir começar a vacinação ainda neste mês para conter as críticas.

O Instituto Butantan havia estabelecido prazo de 10 de janeiro para submeter à Anvisa o pedido de registro da Coronavac. Antes disso, falta a divulgação dos dados de eficácia, que estava prevista para dezembro mas foi adiada. Nova divulgação deve acontecer nesta quinta-feira, 7. 

Em dezembro, o governo paulista afirmou que o imunizante havia atingido o “limiar da eficácia”, com a expectativa de que seja portanto maior que 50%.

O governo do estado de São Paulo manteve nesta semana sua projeção de começar a aplicar doses da Coronavac, da chinesa Sinovac, em 25 de janeiro

A AstraZeneca também precisa ainda explicar os resultados de eficácia, que foram maiores com o uso de só uma dose e meia (em vez das duas planejadas), o que gerou questionamentos da comunidade científica. A dosagem menor gerou eficácia de 90%, e a menor, de 70%. A AstraZeneca admitiu que a dosagem menor foi um erro, mas que isso não compromete os resultados. Países como o Reino Unido e o México já começaram a aplicar a vacina.

Vacinados no mundo

Ao todo, mais de 13 milhões de doses de vacinas da covid-19 já foram aplicadas em todo o mundo. Pelo menos 33 países já começaram algum tipo de vacinação fora dos testes, segundo levantamento diário da agência Bloomberg.

O país com maior número absoluto de vacinados até agora são os EUA, com quase 4,7 milhões de doses aplicadas (para 1,4% da população). Já o país com maior porcentagem da população vacinada é Israel, que já vacinou 14% da população, com 1,2 milhão de doses.

Por ora, boa parte da imunização global vem das vacinas de Pfizer/BioNTech e Moderna, embora as primeiras doses da vacina de AstraZeneca/Oxford tenham começado a ser aplicadas no Reino Unido nesta semana. China e Rússia também começaram a imunizar a população mesmo antes do fim da fase de testes de suas vacinas nacionais.

As doses com RNA mensageiro também têm saído mais caras por ora. A vacina da Pfizer custou ao governo americano cerca de 19,50 dólares, e 14,76 dólares à União Europeia (um desconto de 24%, segundo lista obtida pela consultoria Bernstein Research e divulgada pelo Washington Post). Já a Moderna é mais barata nos EUA (15 dólares, contra 18 dólares da UE).

De todas as candidatas, a mais barata é a vacina de Oxford/AstraZeneca. Aos europeus, que financiaram parte da pesquisa e desenvolvimento, a vacina está sendo vendida para os europeus por pouco mais de 2 dólares. Outra expectativa de vacina a baixo custo é a da da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, cuja vacina ainda está em período de testes e que está sendo negociada com EUA e Europa na casa dos 10 e 8,50 dólares, respectivamente, segundo a Bernstein.

A Anvisa afirmou que também acompanha o desenvolvimento da vacina da Janssen, mas preços de negociação com o Brasil ainda não foram divulgados e não há previsão para a conclusão dos testes e aprovação global do imunizante.

Também há no Brasil conversas para uma compra futura de doses da Sputnik V, vacina russa do Instituto Gamaleya e que ainda não terminou a fase de testes, embora já esteja sendo usada na Rússia. 

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