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Crédito, salários maiores e a receita de Lula contra a crise

O ex-presidente confessou em entrevista que deixou de criticar a sociedade de consumo e passou a enaltecê-la quando a crise se fortaleceu


	Lula: integração da América Latina só ocorrerá quando se  'deixar de olhar tanto para o norte e olhe um pouco para o sul"
 (REUTERS/Ricardo Rojas)

Lula: integração da América Latina só ocorrerá quando se  'deixar de olhar tanto para o norte e olhe um pouco para o sul" (REUTERS/Ricardo Rojas)

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Da Redação

Publicado em 1 de fevereiro de 2013 às 22h01.

Santo Domingo - Manter o fluxo do crédito, aumentar os salários dos pobres e conseguir uma melhor distribuição da riqueza são alguns segredos da "receita" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a crise, que também contém outros 'ingredientes', segundo explicou nesta sexta-feira em Santo Domingo, capital da República Dominicana.

O ex-governante, convidado a dar uma conferência sobre "Emprego e Desenvolvimento como saída para a crise", falou alguns dos segredos de seu sucesso político, incluindo a confissão que passou de ser um crítico da sociedade de consumo a fazer apologia da mesmo quando a crise mundial ficou mais forte.

E contou que chegou a ir para a televisão durante oito minutos para encorajar as pessoas a comprar, isso se com responsabilidade e sem endividar-se em excesso.

Por isso seu Governo incentivou os créditos para pequenos negócios e para a compra de automóveis, porque uma das coisas que qualquer brasileiro mais gosta é de ter seu próprio carro: 'Se depois não há dinheiro para a gasolina, não importa; o dono é capaz de ir pra trás do veículo com sua família para empurrá-lo", brincou.

"Mas o certo é que hoje o Brasil quebra todos os recordes em vendas de automóveis", ressaltou.

Lula, que definiu a si próprio como o primeiro operário que chegou à Presidência do Brasil, deu algumas razões do sucesso da economia brasileira, que, com uma taxa de desemprego de 4,5%, é a sexta do mundo, disse.

E tudo isso com políticas anticíclicas que fomentaram os investimentos, se afastando "da receita da Alemanha", disse.

A grande prioridade de Lula era "erradicar a fome" e isso era tão importante para ele que chegou a negar apoio ao presidente americano George Bush, "obcecado em sua guerra contra o Iraque".

Bush lhe disse: "Minha guerra não é contra o Iraque, minha guerra é contra a pobreza do meu país".


Outras vertentes de sua gestão econômica foram a criação de um Conselho Econômico e Social, um sistema bancário fortemente regulado, que combina os bancos público e privado e, no exterior, a decisão de deixar de olhar só para os EUA e para a Europa e buscar aliados em países próximos.

"Decidimos dar novo vigor ao Mercosul... Mudamos a lógica" existente, sentenciou.

E assim, o fluxo comercial do Brasil passou entre 2003 e 2012 de US$ 107 bilhões para US$ 482 bilhões e o do Mercosul, bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela como observador (Paraguai está atualmente suspenso) cresceu desde 1991 de US$ 4 bilhões para US$ 50 bilhões.

África e Oriente Médio se transformaram em novos polos das relações comerciais do Brasil.

"Visitei 33 países africanos: mais que todos os presidentes brasileiros nos últimos 500 anos", disse Lula.

Lula trabalhou para estender pelo continente esta nova visão das relações exteriores e por incentivar a economia dos países vizinhos, porque isso é benéfico também para a brasileira, disse.

Por isso revelou que reiterou aos líderes mexicanos (Vicente Fox, Felipe Calderón e Enrique Peña Nieto) que a integração da América Latina só se conseguirá quando seu país 'deixar de olhar tanto para o norte e olhe um pouco para o sul' e se una ao Brasil, de modo que essas duas economias, as principais da região, "possam contribuir juntas para o desenvolvimento do continente". 

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