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CPI terá semana decisiva para convocações

Na quinta-feira, quando a comissão terá a última reunião administrativa antes do recesso, estarão em pauta a convocação do ex-presidente da construtora Delta

Cachoeira na CPI: no governo, há temor que Pagot faça da CPI um palco para atacar ministros (Agência Brasil)

Cachoeira na CPI: no governo, há temor que Pagot faça da CPI um palco para atacar ministros (Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 2 de julho de 2012 às 23h18.

Brasília - A CPI do Cachoeira terá uma semana decisiva para aprovar convocações de pessoas que podem levar a investigação a novos desdobramentos depois do recesso parlamentar que começa no próximo dia 17.

Na quinta-feira, quando a comissão terá a última reunião administrativa antes do recesso, estarão em pauta a convocação do ex-presidente da construtora Delta Fernando Cavendish, e do ex-diretor-geral do Dapartamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) Luiz Antonio Pagot.

A ida dos dois à CPI mista é debatida desde o começo dos trabalhos há mais de dois meses e numa votação apertada a convocação foi adiada há algumas semanas. Contudo, os membros da comissão acreditam que agora não há mais espaço para protelações. Ou seja, os deputados e senadores terão que aprovar ou rejeitar os requerimentos que tratam do tema.

Se for convocado pela CPI, Cavendish pode elevar a investigação sobre a Delta, até agora restrita ao âmbito da região Centro-Oeste, para nível nacional. Essa possibilidade preocupa parte do governo, que vê aí uma possibilidade de desestabilização do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das vitrines do governo Dilma Rousseff.


Há algumas semanas, membros da articulação política do governo chegaram a participar de negociações para rejeitar a convocação de Cavendish e de Pagot. Mas as conversas resultaram apenas num acordo para adiar a votação dos requerimentos.

Pagot, desde que deixou o comando do DNIT no ano passado, vem fazendo acusações contra empreiteiras e políticos. Sua presença na CPI é cobrada pela oposição apesar das denúncias do ex-diretor também atingirem políticos do PSDB.

No governo, há temor que Pagot faça da CPI um palco para atacar ministros.

A vinda do ex-diretor do DNIT pode fazer com que a comissão passe a investigar não apenas a atuação de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e sua relação com políticos e empresas, mas também contratos geridos pelo governo federal com a Delta e outras empreiteiras.

Entre esta segunda-feira e a terça-feira, a bancada do PT se reunirá para fechar um posicionamento sobre essas convocações. Deputados e senadores têm posições diferentes sobre a ida de Cavendish e Pagot na CPI. O relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), tem evitado se posicionar sobre o tema.

Mas pessoas ligadas ao petista têm dito que ele considera muito difícil não convocar o ex-presidente da Delta. Já o depoimento de Pagot não é considerado fundamental para as investigações, segundo disse à Reuters uma fonte do PT, pedindo para não ter seu nome revelado.

Se a CPI rejeitar a convocação dos dois, é provável que a investigação fique restrita às relações políticas e empresariais de Cachoeira no Centro-Oeste.

Palmas

A reunião dos petistas, porém, deve ter outro foco de preocupação e que pode influenciar na estratégia de convocação de Pagot e Cavendish.


A revelação de um vídeo em que o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), negocia ajuda financeira à campanha eleitoral com Carlinhos Cachoeira, que em troca teria facilidade para fechar contratos na administração petista, pegou membros do PT de surpresa. O foco da investigação da CPI, que estava centrado nas denúncias envolvendo o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), pode se virar contra o PT.

O vídeo teria sido gravado pelo próprio Cachoeira e foi revelado pelo programa Fantástico, da TV Globo, no domingo, trazendo à tona a negociação que teria ocorrido em 2004, quando Raul Filho ainda disputava seu primeiro mandato de prefeito.

No PT, há quem defenda que o prefeito não deve ser convocado à CPI porque a acusação não está ligada à investigação atual.

"Tem que ver se está relacionado à organização criminosa do Cachoeira ou se é um crime eleitoral. Se for crime eleitoral, não é objeto de investigação da CPI", disse à Reuters o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), que não está sozinho nessa avaliação, segundo disse à Reuters um outro petista sob condição de anonimato.

Na conversa com Cachoeira, o prefeito deixa claro que está aberto para negociações depois que assumir o cargo.

"Lá é tudo mesmo na base do arranjo, sabe. Palmas tem uma série de oportunidades a ser explorada, no campo imobiliário, transporte. Lá tem uma questão que nós vamos rever, a concessão de água... Essa composição, isso depende muito de vocês, em que área vocês querem atuar", diz o prefeito a Cachoeira.

O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), já apresentou requerimento pedindo a convocação de Raul Filho à CPI e a proposta será votada na quinta-feira.

"Quando há indício, pode haver interpretação, mas quando há uma prova visual e sonora fica muito difícil provar o contrário, mesmo que o vídeo tenha sido feito sem autorização judicial", disse o tucano.

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