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CPI quer ampliar investigação sobre rombo da Funcef

O presidente do fundo já foi ouvido pela CPI, mas, na avaliação de Efraim Filho, não teria conseguido "justificar nas suas alegações os prejuízos do fundo"


	Carlos Alberto Caser, presidente da Funcef: o presidente do fundo já foi ouvido pela CPI, mas, na avaliação de Efraim Filho, não teria conseguido "justificar nas suas alegações os prejuízos do fundo"
 (Adriano Machado/Bloomberg)

Carlos Alberto Caser, presidente da Funcef: o presidente do fundo já foi ouvido pela CPI, mas, na avaliação de Efraim Filho, não teria conseguido "justificar nas suas alegações os prejuízos do fundo" (Adriano Machado/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2015 às 09h52.

São Paulo e Rio - O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Fundos de Pensão, deputado Efraim Filho, anunciou ontem que vai pedir, na próxima semana, a quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico Carlos Alberto Caser, presidente da Funcef, o fundo de pensão dos trabalhadores de Caixa Econômica Federal.

A intenção foi divulgada por meio de nota do Partido Democrata, o DEM, pelo qual Efraim Filho se elegeu.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) investiga irregularidades nos maiores fundos de pensão das estatais, como Previ, do Banco do Brasil e Petros, da Petrobras.

Segundo Efraim Filho é preciso aprofundar investigações na Funcef. A nota lembra que o presidente do fundo já foi ouvido pela CPI, mas, na avaliação de Efraim Filho, não teria conseguido "justificar nas suas alegações os prejuízos do fundo". O deputado alega no texto que "muito desses déficits não ocorreram pela crise econômica, como alegam, mas por fruto de má gestão e fraudes".

A nota relata ainda que os parlamentares teriam identificado uma conexão entre a Funcef e a empresa Engevix, investigada pela Lava Jato.

"Já identificamos que o mesmo modus operandi do mensalão e da Lava Jato estão presentes nos fundos de pensão: aparelhamento das instituições, tráfico de influência e direcionamento para negócios suspeitos e títulos podres", declarou o presidente da CPI.

A proposta seria, de acordo com o deputado, adotar com a Funcef o mesmo procedimento utilizado com o Postalis, o fundo dos Correios, e também solicitar a quebra de sigilo de outros diretores.

A reportagem do Estado tentou localizar um porta-voz da Funcef até o fechamento desta edição para comentar as declarações do deputado, mas não obteve êxito.

Déficit. A decisão da CPI vem após a Funcef anunciar que pretende concluir até o final de outubro um plano para equacionar um déficit de R$ 5,5 bilhões. O prejuízo será dividido com os beneficiários do plano, inclusive com os aposentados.

Entidades que representam trabalhadores da CEF ainda tentam impedir que o plano entre em vigor.

"Não temos elementos para afirmar que houve erro nas avaliações ou decisões dos investimentos. Nosso foco é sensibilizar o Ministério da Previdência Social de que é necessário alterar a resolução que obriga equacionamento imediato após três exercícios consecutivos de déficit", diz Célia Zingler, diretora de aposentados e previdência da Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal do Rio Grande do Sul.

Segundo ele, o momento econômico não é adequado, nem para pressionar a Funcef, nem para os beneficiários pagarem a conta. Se não for bem sucedida, a entidade não descarta a possibilidade entrar na Justiça para interromper a cobrança.

Os déficits nos fundos de pensão não param de crescer. Somaram R$ 45 bilhões ao final do primeiro semestre. Mais de 40 fundos tem problemas, segundo as regras em vigor.

Ontem, o Fórum Independente em Defesa dos Fundos de Pensão (Fidef), formado por diretores e conselheiros eleitos das fundações de previdência, divulgou uma carta aberta à Previc, órgão regulador do setor.

O grupo pede a atuação do órgão em oito itens, como criar acompanhamento especial a fundos deficitários e auditar o valor dos déficits apresentados, regulamentar os critérios para concessão de benefícios a altos executivos das estatais. 

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