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CPI do Cachoeira aprova convocação de Pagot

Comissão quer ouvir o ex-diretor-geral do Departamento Nacional da Infraestrutura de Transportes

Luiz Antônio Pagot, diretor afastado do Dnit (Wilson Dias/ABr)

Luiz Antônio Pagot, diretor afastado do Dnit (Wilson Dias/ABr)

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Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2012 às 11h59.

Brasília - A CPI do Cachoeira convocou nesta quinta-feira o ex-presidente da construtora Delta Fernando Cavendish, para prestar explicações sobre a ligação da empresa com Carlinhos Cachoeira, e o ex-diretor-geral do Departamento Nacional da Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot.

O requerimento para convocação dos dois, aprovado por unanimidade, já havia sido apresentado nas primeiras semanas de trabalho da CPI, mas manobras de PT e PMDB tinham evitado sua aprovação até agora. Cachoeira está preso desde fevereiro, acusado de comandar uma rede de jogos ilegais.

Segundo as investigações da Polícia Federal, no âmbito das operações Vegas e Monte Carlos, Cachoeira atuava como sócio oculto da Delta na regional Centro-Oeste da empresa.

A CPI quer saber se Cláudio Abreu, diretor regional da construtora, tinha autorização de Cavendish para essa sociedade.

O mais provável é que Cavendish só fale à comissão em agosto, porque na próxima semana dificilmente a CPI reunirá quórum suficiente para colher depoimentos e, a partir do dia 18, o Congresso entra em recesso e só retorna aos trabalhos no mês que vem.

O mesmo deve ocorrer com Pagot. O ex-diretor está sendo chamado para explicar as acusações que fez em entrevistas recentes, dizendo que havia sido procurado durante a campanha eleitoral de 2010 pelo PT para indicar doadores de recursos e recebeu pedidos para aditar o contrato do rodoanel em São Paulo.

Pagot afirmou, em entrevista publicada pela imprensa, que os recursos extras colocados neste contrato seriam usados para alimentar a campanha do tucano José Serra por meio de caixa dois.

O PT ficou dividido sobre a convocação de Pagot, com receio de que o ex-diretor use o depoimento na CPI para atacar ministros do governo Dilma Rousseff.

Contudo, venceu a posição daqueles que defendiam a convocação de Pagot atrelada à do ex-diretor da Dersa, empresa paulista que administra rodovias, Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto.

Paulo Preto é apontado por Pagot como operador da arrecadação de campanha de José Serra junto às empreiteiras.

O PSDB resistiu à convocação do ex-diretor da Dersa e cobrou que o relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), convocasse também o tesoureiro do PT na campanha de 2010, o deputado federal José de Filippi (SP). Os tucanos querem evitar que os petistas usem a CPI para causar constrangimentos a Serra, que concorre à Prefeitura de São Paulo.


"Nessa entrevista, o senhor Pagot imputa ao senhor Paulo Preto um crime. No caso do deputado José Filippi não há imputação de crime", argumentou Cunha contra a proposta dos parlamentares do PSDB.

A comissão rejeitou, nesta quinta, a convocação do deputado petista.

Prefeito de Palmas

Na última sessão administrativa antes do recesso, a CPI também convocou o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), que foi flagrado em negociações com Cachoeira em 2004, antes de ser eleito, pedindo ajuda financeira e prometendo em troca acesso a contratações da prefeitura. O vídeo que revela a conversa foi feito por Cachoeira e apreendido pela PF na operação Monte Carlo.

O juiz Paulo Augusto Moreira Lima, que comandava o inquérito da operação Monte Carlo na 11a Vara de Justiça Federal de Goiás, foi convidado pela comissão para falar sobre a investigação e sobre as pressões que sofreu e o fizeram deixar o comando do processo.

Lima deixou o comando do inquérito no mês passado, depois de comunicar ao Tribunal Regional Federal da 1a Região (TRF1) que sua família estava correndo risco e sofrendo ameaças veladas.

Os parlamentares também deliberaram sobre o rito dos depoimentos na comissão, já que a maior parte das pessoas que compareceu à CPI até agora usou o direito constitucional para ficar calados.

Nesse sentido, a CPI decidiu por 20 votos a 8 manter o atual rito dos interrogatórios, em que o depoente é dispensado imediatamente se disser à comissão que não falará. Os votos contrários queriam que fossem obrigadas a ouvir os questionamentos de todos os parlamentares antes de serem liberados.

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