Na semana passada, a criminalista Beatriz Catta Preta renunciou à defesa do lobista Julio Camargo, Pedro Barusco, ex-gerente de Engenharia da Petrobras, e o lobista Augusto Ribeiro de Mendonça (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2015 às 14h18.
Brasília - Apesar da pressão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o presidente da CPI da Petrobras, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), avisou que a convocação da advogada Beatriz Catta Preta está mantida e que seu depoimento será marcado "no momento certo".
O cronograma das oitivas de agosto será definido na próxima semana, quando termina o recesso parlamentar.
Depois de condenar publicamente a convocação da defensora, que esteve à frente dos acordos de delação premiada dos principais personagens da Operação Lava Jato, a OAB sugeriu que o juiz Sérgio Moro vete a oitiva.
O objetivo da convocação é que ela esclareça a origem de seus honorários. Na semana passada, a criminalista Beatriz Catta Preta renunciou à defesa do lobista Julio Camargo, Pedro Barusco, ex-gerente de Engenharia da Petrobras, e o lobista Augusto Ribeiro de Mendonça.
"O nosso trabalho na CPI é um trabalho que diz respeito ao Congresso, à Câmara. A nós, cabe seguir o que o plenário decidiu, e o plenário decidiu convocar a Catta Preta para ela trazer de onde ela está recebendo seus honorários", reforçou o peemedebista.
Motta argumentou que Europa e Estados Unidos já têm uma lei sobre lavagem de dinheiro, pela qual recurso proveniente de origem ilícita é considerado ilícito para tudo.
Ele defendeu que a CPI recupere os recursos desviados da Petrobras e que o País siga o mesmo modelo dos demais países. "O Brasil precisa começar a adotar essa situação. Porque senão daqui a uns dias o cara vai roubar R$ 100 milhões e deixar R$ 10 milhões para pagar advogado", declarou.
Motta ressaltou que independentemente do paradeiro da advogada, a CPI vai utilizar "todos os instrumentos para encontrá-la", mas evitou falar em "condução coercitiva". O peemedebista disse acreditar que a comissão conseguirá notificá-la sobre a data do depoimento sem maiores problemas.
O presidente da CPI desconversou sobre as críticas da OAB e o posicionamento do juiz Sérgio Moro, que disse recentemente não ver motivos para a comissão parlamentar pedir informações sobre os honorários da advogada.
"É da democracia ouvir críticas. Isso faz parte da nossa vida já, não acho interferência nenhuma", respondeu.
Barusco
Motta pediu uma reunião para esta semana com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski.
Seu objetivo é tentar derrubar a liminar que o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco conseguiu para não participar de acareações na comissão.
O presidente da CPI ficou transtornado ao ver fotografia publicada na edição desta semana da revista Veja em que Barusco aparece em Angra dos Reis (RJ).
De acordo com a publicação, o ex-gerente da Petrobras fumava charuto e tomava cerveja no último dia 19, dias depois de se dizer impedido de participar das acareações na CPI.
No início deste mês, o ministro Celso de Mello concedeu liminar para dispensar Barusco de participar dos depoimentos com o ex-diretor de Serviços, Renato Duque, e com o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari.
A defesa do ex-gerente da Petrobras, à época liderada por Catta Pretta, alegou ao STF que ele estava em tratamento de câncer ósseo, que tinha dificuldades de locomoção e permanência por longo tempo na sessão da CPI.