Logo da Petrobras: CPI investiga recursos desviados da estatal para contas no exterior (REUTERS/Paulo Whitaker)
Da Redação
Publicado em 10 de junho de 2015 às 23h08.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras fará amanhã (11) uma reunião fechada com os representantes da Kroll para repasse das informações sobre a investigação de recursos desviados da estatal para contas no exterior.
Com sede nos Estados Unidos, a Kroll foi contratada, no fim de março, por decisão do presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB).
O contrato foi feito sem licitação no valor aproximado de R$ 1,068 milhão (o preço original é de quase 226 mil libras esterlinas), sob a justificativa do critério de “inexigibilidade”, por se tratar de serviço específico.
Além do repasse das informações, a Kroll deve apresentar ao colegiado nova proposta de contrato para outras fases de investigação, uma vez que o contrato inicial previa duas fases que a empresa deve apresentar durante a reunião.
“Amanhã, teremos uma reunião secreta em que o debate será a contratação que a presidência da CPI fez da empresa Kroll. Será uma oportunidade porque os integrantes da comissão querem conhecer o detalhe de como é esse serviço, como ele está sendo executado, o que ele já apurou”, disse o relator da comissão, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), ao fim da audiência que ouviu seis funcionários da Petrobras.
A CPI tomou o depoimento do atual gerente executivo de Engenharia na Área de Abastecimento da Petrobras, Maurício Guedes. Ele disse que a pressa na execução de obras muitas vezes levava a Petrobras e assinar contratos sem licitação.
Quem também depôs foi o ex-gerente de Compras para Empreendimentos da Área de Abastecimento da estatal, Heyder de Moura Carvalho, que disse também que a pressa na execução das obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, contribuiu para o aumento do custo da obra, cujo projeto inicial foi orçado em US$ 2,5 bilhões cujo valor final ficou em US$ 18,5 bilhões.
Já o engenheiro Marcos José Pessoa de Resende, gerente responsável pela construção de unidades de produção da Refinaria Abreu e Lima relatou aos deputados que as empresas que iam disputar cada um dos contratos eram previamente selecionadas pela área de engenharia da estatal da qual faziam parte os gerentes-executivos das áreas de Abastecimento e Serviços, respectivamente, Venina Velosa e Pedro Barusco, e pelo então gerente-geral da refinaria, Glauco Legatti – acusado pelo engenheiro Shinko Nakandakari de ter recebido R$ 400 mil em propina.
Após os depoimentos dos funcionários da Petrobras, o relator da comissão, deputado Luiz Sérgio, disse que a CPI pretende sugerir aos atuais gestores da empresa que eles façam mudanças para impedir que esse tipo de problema volte a acontecer.
"Há a concordância de que esses processos de contratação da Petrobras precisam ser revistos e aperfeiçoados, e nós vamos fazer essa sugestão à empresa".
Indagados pelos deputados a respeito das denúncias de pagamento de propina pela empresa holandesa SBM Offshore a diretores da Petrobras, o advogado Nilton Maia, gerente-executivo da área jurídica da Petrobras, disse que os processos investigatórios internos não conseguiram comprovar as suspeitas.
Também foram ouvidos nesta quarta-feira, o ex-gerente de Relacionamento e Comunicação Carlos Frederico Trevia e o ex-diretor Corporativo do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) Sérgio Bezerra.
Após a reunião secreta com a Kroll, os integrantes da CPI vão se reunir para deliberar sobre a aprovação de requerimentos.