Brasil

Após habeas corpus, Wilson Lima decide não depor à CPI da Covid-19

Mesmo com a ausência, a sessão de hoje foi aberta para análise de requerimentos e a quebra de sigilo telefônico de autoridades ligadas ao presidente Jair Bolsonaro

Wilson Lima, governador do Amazonas. (Sandro Pereira/Estadão Conteúdo)

Wilson Lima, governador do Amazonas. (Sandro Pereira/Estadão Conteúdo)

AA

Alessandra Azevedo

Publicado em 10 de junho de 2021 às 06h00.

Última atualização em 10 de junho de 2021 às 10h36.

Esta reportagem faz parte da newsletter EXAME Desperta. Assine gratuitamente e receba todas as manhãs um resumo dos assuntos que serão notícia.

Fazendo valer a decisão da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), não vai comparecer à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid nesta quinta-feira, 10. 

Mesmo com a ausência, a sessão de hoje foi aberta para análise de requerimentos, como a convocação do deputado Osmar Terra (MDB-RS), apontado como um dos coordenadores do suposto "gabinete paralelo" na condução das ações de combate à pandemia, e a quebra de sigilo telefônico de autoridades ligadas ao presidente Jair Bolsonaro. O depoimento do governador amazonense estava marcado para as 9h.

No pedido feito ao STF, em 8 de junho, para não comparecer, o governador alegou que a convocação ofende o princípio da separação dos poderes e, por isso, vai contra a Constituição. Os outros oito governadores convocados também pedem a intervenção do STF para que não precisem ir à CPI.

Rosa Weber entendeu que, por ser investigado pela Polícia Federal, Wilson Lima não pode ser obrigado a produzir provas contra ele mesmo, o que poderia acontecer na CPI. "Constato que o paciente não apenas está sendo investigado no âmbito da Operação Sangria, mas também figura como denunciado", apontou a ministra, na decisão.

O governador é alvo de investigação da PF sobre suspeitas de desvios de verbas públicas destinadas ao enfrentamento da pandemia de covid-19. Em 2 de junho, a PF deflagrou uma nova fase da operação e cumpriu mandados de busca e apreensão na casa dele, na sede do governo, na Secretaria de Saúde e na casa do secretário Marcellus Campêlo.

Segundo Rosa Weber, "evidencia-se inequivocamente a sua condição de acusado no contexto de investigações que apuram o desvio e má aplicação de verbas públicas federais no âmbito da execução das políticas de saúde para o enfrentamento da pandemia", motivo pelo qual ele não pode ser obrigado a se incriminar.

Caso Wilson Lima fosse à CPI, ele não precisaria fazer o juramento de falar a verdade e poderia ficar calado. O direito ao silêncio "cumpre no processo penal a importante função de prevenir a extração de confissões involuntárias", escreveu a ministra. O governador também poderia deixar a sessão, se fosse constrangido física ou moralmente.

O depoimento estava inicialmente marcado para 29 de junho, mas o colegiado decidiu antecipá-lo justamente devido às investigações da PF. Os senadores pretendiam questioná-lo sobre a operação e sobre a crise de falta de oxigênio em Manaus, em janeiro deste ano.

O requerimento para convocação foi apresentado pelo senador governista Marcos Rogério (DEM-RO). Ele alega que o governador precisa explicar "possíveis irregularidades em contratos, fraudes em licitações, superfaturamentos, desvio de recursos públicos", entre outros "ilícitos se valendo de recursos originados da União".

A CPI da Covid aprovou, em 26 de maio, a convocação de nove governadores de estados onde a Polícia Federal investiga a possibilidade de uso irregular de verbas públicas destinadas ao combate à pandemia de covid-19. Todos, assim como Wilson Lima, recorreram ao STF.

Também estão na lista Helder Barbalho (MDB), do Pará; Mauro Carlesse (PSL), de Tocantins; Carlos Moisés (PSL), de Santa Catarina; Antonio Denarium (PSL), de Roraima; Waldez Góes (PDT), do Amapá; Marcos Rocha (sem partido), de Rondônia; e Wellington Dias (PT), do Piauí; e Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal.

Acompanhe tudo sobre:AmazonasCoronavírusCPI da CovidExame HojeGovernadoresPandemiaRosa WeberSenadoSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas