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Covid: Saúde negocia 220 milhões de doses de vacinas para reforço em 22

Compras estão divididas entre laboratórios Pfizer e AstraZeneca

AstraZeneca: laboratório pede mudança na bula para incluir recomendação de reforço de terceira dose (Breno Esaki/Agência Saúde DF/Agência Brasil)

AstraZeneca: laboratório pede mudança na bula para incluir recomendação de reforço de terceira dose (Breno Esaki/Agência Saúde DF/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de novembro de 2021 às 19h03.

Para tirar o plano de vacinar toda a população adulta com uma dose de reforço contra a covid-19, o Ministério da Saúde negocia a compra de mais 220 milhões de unidades de imunizantes dos laboratórios Pfizer e AstraZeneca, contra a covid-19, para 2022. O valor que será pago por cada uma ainda está sendo discutido pelas partes. As doses se juntarão a outras 134 milhões remanescentes deste ano, segundo contas da própria pasta.

Segundo a pasta, os dois contratos de compra "estão em fase final de celebração". O acordo com a Pfizer prevê a entrega de 100 milhões de doses ao longo de 2022, com opção de compra de mais 50 milhões de imunizantes. Com a AstraZeneca, a negociação é para a aquisição de 120 milhões de vacinas, com possibilidade de outras 60 milhões de doses caso seja necessário.

Caso compre todas as unidades em negociação, o total de vacinas adquiridas para o ano que vem chegaria a 330 milhões de doses, número próximo do que o governo distribuiu até agora, de 365 milhões unidades.

A programação antecipada para 2022 reflete uma mudança de postura do governo Bolsonaro em relação à compra de vacinas contra a covid. Há pouco mais de um ano, o Executivo ignorava propostas da Pfizer. Naquele momento da pandemia, mais duro do que o atual, o presidente Jair Bolsonaro desdenhava da imunização, principalmente da CoronaVac. O comportamento do governo foi investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, no Senado, que imputou nove crimes a Bolsonaro e acusou também ministros e aliados do presidente pela gestão fracassada no enfrentamento à doença.

Desde que a vacinação avançou no País, os casos e as hospitalizações por covid diminuíram significativamente, o que permitiu a retomada do comércio, de atividades culturais e esportivas e do turismo. Nos bastidores, adversários de Bolsonaro afirmam que as doses de reforço anunciadas pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na terça-feira, 16, têm caráter político. O objetivo seria impulsionar a campanha à reeleição do presidente, que afirma não ter se vacinado.

O Ministério da Saúde anunciou o reforço da vacina contra a covid para toda a população acima de 18 anos que tomou a segunda dose há pelo menos cinco meses. Até então, a imunização adicional só estava autorizada para idosos acima de 60 anos, imunossuprimidos e profissionais da saúde. A previsão da pasta é aplicar o reforço em 103 milhões de pessoas até maio.

Em nota técnica publicada nesta quarta-feira, 17, a secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19, Rosana Leite de Melo afirma que "a vacina a ser utilizada para a dose de reforço deverá ser, preferencialmente, da plataforma de RNA mensageiro (Pfizer/Wyeth) ou, de maneira alternativa, vacina de vetor viral (Janssen ou AstraZeneca), independente do esquema vacinal primário".

Após a diretriz do Ministério da Saúde, cabe a cada Estado convocar a população para receber a terceira dose. O governo de São Paulo começou a aplicação nesta quinta-feira, 18. Na nova etapa, 710 mil pessoas em todo o Estado já estão aptas a receber a dose adicional.

Mudança na bula

A Anvisa informou que recebeu um pedido da AstraZeneca para dose de reforço de vacina contra covid no País. A solicitação da farmacêutica prevê a inclusão em bula de uma dose de reforço com pelo menos 6 meses de intervalo, após a administração da segunda dose da vacina.

A proposta é dirigida a pessoas com 18 anos de idade ou mais e restrita à vacinação homóloga - ou seja, aplicação do reforço em pessoas que receberam as duas doses iniciais do imunizante da Astrazeneca. A vacina está registrada no País desde 12 de março de 2021.

Até quarta-feira, 17, o Brasil tinha pouco mais de 126,7 milhões de pessoas totalmente imunizadas contra a covid, equivalente a 59,43% da população. Aqueles com ao menos uma dose da vacina somam 157.336.036. Isso significa que 73,76% dos habitantes do País estão parcialmente imunizados contra a doença. O Estado do Acre não atualizou vacinas. Os dados são do consórcio de veículos de imprensa, em parceria com 27 secretarias de Saúde.

A Fiocruz informou, em nota, que sua capacidade de produção de vacinas contra a covid, para 2022, é de 180 milhões de doses, "das quais 120 milhões já foram acordadas junto ao Ministério da Saúde para fornecimento no primeiro semestre do próximo ano".

"A depender da situação sanitária do país e da necessidade de aplicação de doses de reforço, a Fiocruz poderá fornecer ao PNI 60 milhões de doses adicionais para o segundo semestre", afirma.

Segundo o instituto, as 120 milhões de doses a serem entregues ainda no primeiro semestre de 2022 serão compostas por 60 milhões de doses de vacinas totalmente nacionais e 60 milhões de doses produzidas a partir de IFA importado.

"Considerando-se a diferença entre essas vacinas, pode-se afirmar que o valor médio de cada dose será de cerca de US$ 5,7, chegando a US$ 5,27, quando as entregas forem feitas apenas com a produção nacional", relata.

Em nota, a Pfizer informou que "não comenta detalhes das negociações que mantém com o governo brasileiro". "Mas estamos muito honrados em trabalhar com o País e em colocar nossos recursos científicos e produtivos a favor de nosso objetivo comum de vacinar população brasileira contra a covid-19."

 

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