(Luis Alvarez/Getty Images)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 16 de dezembro de 2021 às 06h00.
Pelo menos 80% dos adolescentes brasileiros (com idade entre 12 e 17 anos) estão vacinados com a primeira dose da vacina da covid-19 e 25% do total já estão com o regime completo, de acordo com números do Ministério da Saúde, atualizado até o último dia 8. Para especialistas, a cobertura é muito boa, comparável à de poucos países, como Estados Unidos, Reino Unido e Canadá.
Em comparação com outras faixas etárias, o porcentual de adolescentes atingidos por formas graves de covid-19 é muito baixo. As internações pela doença entre os menores de 20 anos representam 1,4% do total; e o número de mortes, 0,4%. Esses números, contudo, podem esconder uma realidade mais complexa e que requer atenção.
Para aumentar a cobertura vacinal, há uma grande expectativa de que o Brasil siga países europeus e os Estados Unidos e inicie a aplicação em crianças. A liberação ainda depende da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que será anunciado nesta quinta-feira, 16.
O pediatra Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Sociedade Brasileira de Imunizações, ressalta que no último ano a covid-19 matou mais crianças e adolescentes do que todas as doenças cobertas pelas dezessete vacinas do Programa Nacional de Imunização (PNI), como gripe, pneumonia, sarampo, rubéola, meningite, diarreia, entre tanta outras.
"Proporcionalmente, parece pouco, mas foram 2.400 mortes em números absolutos", afirma Kfouri. "Isso é mais do que a soma das mortes de todas as doenças do calendário vacinal."
Além disso, explica, conforme a vacinação vai aumentando entre os mais velhos, o número de jovens infectados passa a ser proporcionalmente maior, uma vez que os não vacinados são mais vulneráveis ao vírus. Outra questão importante é que mesmo quando não desenvolvem formas graves da doença, os jovens podem ajudar involuntariamente na disseminação do vírus.
A vacinação de crianças, de 5 a 11 anos, no Brasil, ainda depende da autorização da Anvisa para o uso da vacina da Pfizer nesta faixa etária. O processo está em tramitação na agência, e um posicionamento oficial será anunciado nesta quinta-feira.
Além do corpo técnico da Anvisa, a avaliação contou com a participação de representantes de sociedades médicas brasileiras. Mesmo que ocorra a liberação, a aplicação não é imediata porque o imunizante ainda precisa chegar ao país.
Na solicitação, o laboratório incluiu que a dose foi reduzida a um terço para essa faixa etária, com base em resultados de estudos. Atualmente a vacina é liberada para pessoas acima de 12 anos. Nos Estados Unidos, as crianças já recebem o imunizante.
Kfouri lembra ainda que, em todo o mundo, aproximadamente 100 milhões de adolescentes já foram imunizados contra a covid-19, comprovando a segurança do imunizante.
Anvisa recebeu nesta quarta-feira, 15, um novo pedido do Instituto Butantan que trata da indicação da vacina Coronavac para crianças e adolescentes de 3 a 17 anos. Este é o segundo pedido do laboratório para indicação do imunizante para essa faixa etária. O primeiro pedido apresentado em julho foi avaliado pela Anvisa e negado por causa da limitação de dados dos estudos apresentados naquele momento.
O prazo de avaliação da Anvisa para este novo pedido é de até 30 dias. A vacina está autorizada para uso emergencial no Brasil para pessoas com 18 anos de idade ou mais, desde o dia 17 de janeiro deste ano. A solicitação de ampliação de uso da vacina, ou seja, a inclusão de uma nova faixa etária, é feita pelo laboratório responsável pelo imunizante.