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Covid-19: Governo suspende coletivas de Mandetta para "unificar narrativa"

Mudança ocorre em meio a conflito entre o ministro da Saúde e o presidente Bolsonaro quanto às medidas de isolamento social para conter o coronavírus

Jair Bolsonaro e Henrique Mandetta: justificativa do governo foi a "unificação da narrativa" (Adriano Machado/Reuters)

Jair Bolsonaro e Henrique Mandetta: justificativa do governo foi a "unificação da narrativa" (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 30 de março de 2020 às 17h07.

Última atualização em 31 de março de 2020 às 19h41.

Com o objetivo de "unificação da narrativa", o governo do presidente Jair Bolsonaro decidiu centralizar a comunicação das ações federais de combate ao novo coronavírus no Palácio do Planalto, com determinação para que as entrevistas coletivas dos ministérios ou agências sejam sempre realizadas no local, segundo ofício visto nesta segunda-feira pela Reuters.

A estreia da nova forma de comunicação do governo federal sobre a covid-19 se dá na tarde desta segunda, com entrevista coletiva sobre a pandemia no Salão Oeste do Planalto. Participam o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, além dos chefes da Casa Civil, Walter Braga Netto, da Economia, Paulo Guedes, e da Advocacia-Geral da União, André Mendonça.

Por causa da nova orientação, o Ministério da Saúde cancelou a coletiva diária sobre a crise sanitária, que normalmente acontece às 16 horas e conta com participação de técnicos da equipe da pasta.

"Todas as coletivas de imprensa dos Ministérios ou Agências Federais sobre a covid-19 deverão ser realizadas no Salão Oeste do Palácio do Planalto", diz o ofício enviado pela Casa Civil aos demais ministérios.

A mudança ocorre em meio ao conflito de posições do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, com o presidente Bolsonaro quanto às medidas de isolamento social para enfrentar o coronavírus.

No sábado, em reunião tensa no Planalto, o ministro manteve a defesa do isolamento social para conter o avanço do vírus, enquanto Bolsonaro é favorável a um relaxamento das medidas de confinamento com o objetivo de retomar a atividade econômica no país.

Na ocasião, Mandetta já havia alertado o presidente e os demais ministros: "Estamos preparados para o pior cenário, com caminhões do Exército transportando corpos pelas ruas? Com transmissão ao vivo pela internet?"

Em outro momento, Mandetta deixou claro que, se o presidente insistisse em ir às ruas, seria obrigado a criticá-lo. E Bolsonaro rebateu que, nesse caso, iria demiti-lo.

Mais tarde, em entrevista coletiva, o ministro da Saúde foi incisivo e condenou atos pela abertura do comércio e disse que "os mesmos que fazem carreata vão ficar em casa daqui a duas semanas".

Um dia depois, contrariando as orientações da pasta, o presidente Jair Bolsonaro foi às ruas, visitou vários comércios locais ainda abertos em Brasília e cumprimentou populares, o que rendeu uma série de críticas de autoridades, governadores e parlamentares.

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