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Doria anuncia plano de reabertura, mas não crava fim da quarentena

Os municípios serão divididos em zonas de risco, com um protocolo sobre comportamento do vírus; reabertura será em fases e uso de máscara será obrigatório

São Paulo: governo do estado é o primeiro a divulgar plano de reabertura (Amanda Perobelli/Reuters)

São Paulo: governo do estado é o primeiro a divulgar plano de reabertura (Amanda Perobelli/Reuters)

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Clara Cerioni

Publicado em 22 de abril de 2020 às 12h40.

Última atualização em 22 de abril de 2020 às 21h00.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta quarta-feira, 22, que a reabertura gradual da economia, hoje restringida devido à pandemia do novo coronavírus, será feita a partir de 11 de maio, mas não cravou que nessa data não haverá mais quarentena em regiões do estado.

O "Plano São Paulo", segundo o governador, será direcionado pela saúde e pela ciência. Os detalhes sobre como será a reabertura, como por exemplo a volta do funcionamento das escolas e do comércio, serão divulgados apenas em 8 de maio e estão condicionados ao avanço da pandemia.

"Quero deixar claro que essa quarentena vai até o dia 10 de maio e nada se modifica ao longo deste período. Nós não estamos dizendo que deixaremos de ter quarentena depois do dia 10 de maio. Nós teremos o Plano São Paulo que vai estabelecer áreas e setores que poderão ser estendidos e outros não. Ninguém falou, nem falará, mas é importante deixar claro, de que nós não estamos anunciando que no dia 11 de maio não teremos mais nenhuma quarentena", afirma Doria.

Os critérios que serão utilizados para o retorno de algumas atividades consideram a preparação do sistema de saúde, da sociedade e dos setores econômicos.

A reabertura será feita em fases e de acordo com as especificidades de cada região e setor, explica Patricia Ellen, secretária de Desenvolvimento Econômico. O uso de máscaras pela população será obrigatório.

Critérios

O primeiro passo, diz Ellen, é segmentar os municípios de acordo com a situação da pandemia e da capacidade do sistema de saúde, com critérios-chave sobre casos, quantidade de leitos de UTI disponíveis e testes para assintomáticos e suspeitos. Serão preparados, ainda, protocolos de saúde e higiene para cada setor econômico de trabalho que for autorizado a retornar.

As regiões (e municípios) serão definidas por nível de risco: zona vermelha, zona amarela e zona verde.

Segundo Ellen, atualmente todas as regiões estão entre a zona vermelha e amarela, porque "para alcançar a zona verde é preciso atingir um baixo número de casos, baixa ocupação dos leitos de UTI, testes disponíveis para assintomáticos e suspeitos e protocolos setoriais implementados."

O plano para a economia será conduzido para evitar que a reabertura desordenada do comércio provoque uma disparada no número de casos e de mortes em decorrência da doença. Na avaliação do governo, além da perda de vidas, o prejuízo econômico será muito maior se a retomada levar a uma quarentena ainda mais rígida nos próximos meses.

O secretário de Saúde, José Henrique Germann, afirmou que reuniu oito referências da experiência internacional para auxiliar a retomada econômica em São Paulo:

  • Lockdown foi fundamental para para viabilizar o achatamento da curva em todo o mundo
  • Países iniciaram a retomada após 40-60 dias do início do lockdown
  • Retomada foi condicionada a curvas de novos casos (transmissibilidade) já "achatadas" e com tendência de queda
  • Alta capacidade de testagem rápida e monitoramento de sistema para identificar e conter novos focos da doença e proteger os grupos de risco
  • Retomada depende da capacidade de atendimento do Sistema de Saúde
  • Regionalização da retomada em função da situação da pandemia e do sistema de saúde
  • Faseamento iniciado por setores de menor risco de contaminação e maior vulnerabilidade econômica
  • Abordagem setorial para definição, implementação e monitoramento de protocolos

Fila de exames zerada

Uma das prerrogativas para uma reabertura gradual segura é a capacidade de testagem rápida da população. Segundo Dimas Covas, presidente do Instituto Butantã, a fila de exames do estado, que estava em 17 mil, foi zerada neste domingo, 21.

"Realizamos desde o dia 9 de abril 36 mil exames contra a covid-19. O teste de acompanhamento é um componente dinâmico e importante da fotografia da pandemia", disse Covas, acrescentando que desde a semana passada, os resultados saem em 48 horas.

No entanto, para garantir a segurança da reabertura, é necessário implementar um protocolo para teste em massa da população. "Ainda estamos estudando o melhor exame, porque nos preocupa o falso negativo, e isso será determinante para a volta das atividades", diz o infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência contra o Coronavírus.

Setores funcionando

Em um balanço sobre o programa de quarentena para "calar muitas das críticas injustas e irresponsáveis feitas ao estado", o governador João Doria citou os serviços que seguem funcionando, que segundo ele representam 74% de todas as atividades.

Estão abertas e funcionando dentro das regras sanitárias, segundo ele: açougues, empresas de segurança pública e privada, bancas de jornais, captação e distribuição de água, captação e tratamento de esgoto e lixo, clínicas veterinárias, lojas de materiais de construção, comercialização de produtos e insumos agropecuários, meios de comunicação, construção civil, hotéis, petshop, postos de combustíveis, bancos, serviços médicos e odontológicos, lotéricas, cartórios e supermercados, entre outros.

O governador também fez um apelo a prefeitos para que não façam nenhuma mudança de isolamento social antes da data estabelecida para o relaxamento da quarentena, em 11 de maio.

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