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Coutinho pede sintonia na política de desenvolvimento

Como obstáculos à competitividade, presidente do BNDES citou a ausência de mão-de-obra qualificada e o comportamento do câmbio

Luciano Coutinho, presidente do BNDES, quer participação privada nos financiamentos (Paulo Whitaker/REUTERS)

Luciano Coutinho, presidente do BNDES, quer participação privada nos financiamentos (Paulo Whitaker/REUTERS)

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Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2011 às 14h05.

Rio de Janeiro - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, defendeu hoje que haja sintonia, por parte do governo, no tratamento de cada uma das cadeias produtivas que deverão ser abrangidas na segunda fase da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP). As medidas desse plano devem ser anunciadas em dois meses. Na prática, Coutinho comentou que a segunda fase do PDP deve incluir tratamentos diferenciados a partir das diferentes demandas originadas de cada cadeia produtiva.

"O Ministério da Indústria, Desenvolvimento, e Comércio Exterior (MDIC) está liderando este processo (da segunda fase) e nós ajudaremos", afirmou. Além disso, o executivo comentou que um dos desafios da segunda fase do PDP é a crescente ausência de trabalhadores qualificados no País. Isso, na avaliação de Coutinho, pode prejudicar o desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva brasileira, em termos de competitividade.

Outro obstáculo à competitividade apontado por Coutinho é o comportamento do câmbio. Ele admitiu que o saldo negativo da indústria manufatureira desde 2006 na balança comercial brasileira soma em torno de US$ 40 bilhões. Na avaliação do executivo, o aumento da entrada de importados no mercado brasileiro, dentro da cadeia manufatureira, pode ajudar a incrementar mais a produção nacional, visto que vários itens comprados no mercado internacional não são produzidos no País. Mas também há uma parte que atua como concorrência acirrada à indústria nacional, que perde competitividade.

Financiamentos

O BNDES deve ser reunir na semana que vem com bancos privados para discutir a evolução futura de aumento de participação da iniciativa privada em financiamentos de longo prazo no Brasil. O governo, no final do ano passado, anunciou uma série de medidas para estimular a participação da iniciativa privada neste sentido.

Na prática, as medidas refletem a intenção do governo de tentar diminuir atual concentração no número de financiamentos de longo prazo no BNDES. "Vamos avaliar com o setor privado se as medidas estão funcionando. Nossa expectativa é que funcionem. Se deixarmos tudo como está, teríamos este ano de aumentar de novo os desembolsos. Isso não faz parte de nossa proposta", afirmou Coutinho.

Petróleo

Coutinho afirmou que as atuais oscilações do petróleo no mercado internacional por conta da instabilidade na região do Oriente Médio e do norte da África são "repiques" de caráter superficial, visto que a cotação do barril é muito suscetível a oscilações, e não devem "extrapolar".

Ele disse não acreditar que estes movimentos de repiques possam continuar por muito tempo. "A não ser que a instabilidade atinja um grande país produtor de petróleo. Mas não vejo esta possibilidade", afirmou.

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