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Costa Rica goleia com folga o Brasil, pelo menos nestes indicadores

A Costa Rica é o único latino-americano em lista de democracias maduras

 (Carl Recine/Reuters)

(Carl Recine/Reuters)

Valéria Bretas

Valéria Bretas

Publicado em 22 de junho de 2018 às 06h30.

Última atualização em 25 de junho de 2018 às 15h42.

São Paulo – Nesta sexta-feira (22), a seleção brasileira enfrenta a Costa Rica na Copa do Mundo 2018. Na primeira partida do campeonato, no último domingo, o Brasil tropeçou na estreia e empatou com a Suíça por 1 a 1.

Mas, se depender do histórico, a expectativa é de vitória para a seleção comandada por Tite. Nas duas vezes em que Brasil e Costa Rica se enfrentaram no mundial, a vitória foi canarinha. No primeiro encontro, em 1990, o triunfo do Brasil foi de 1 a 0; já no segundo, em 2002, o resultado foi de 5 a 2.

Fora dos gramados, porém, os costarriquenhos ganham dos brasileiros em muitos aspectos. A democracia deles é mais consistente, a percepção de corrupção é menor, é um país mais pacífico e conserva melhor o próprio meio ambiente.

Veja os dados:

Paz mundial

Considerando o Índice Global de Paz (IGP) 2018, que utiliza 23 indicadores para medir os países mais pacíficos do mundo, o Brasil ficaria no banco de reservas. Na 106ª posição, em uma lista com 163 nações, o índice brasileiro de paz alcançou o seu pior resultado da última década.

Para chegar ao resultado, o levantamento avalia questões como a quantidade de homicídios nos países, a percepção do que é violência para a sociedade, o acesso às armas de fogo e crimes violentos.

Na contramão, a Costa Rica aparece entre os países com alto nível de paz. Em uma pontuação que vai de 1 (mais pacífico) a 4 (menos pacífico), o país teve 1,767 pontos neste ano, contra 2,16 do Brasil.

A Costa Rica não tem Exército desde 1949. A segurança é feita apenas internamente no país por policiais, tanto na cidade quanto no campo.

PaísPosição no índiceIGP 2018
Costa Rica401,767
Brasil1062,160

*Quanto mais próximo de 1.000, melhor

Democracia

Um dos maiores cientistas políticos da contemporaneidade, Robert Dahl montou uma lista de 22 países cuja democracia ele considera "madura". O critério é que o regime democrático seja ininterrupto pelo menos desde 1950.

Ao lado de países como Estados Unidos, Grã Bretanha e Japão, a Costa Rica é o único latino-americano que consta no levantamento. O Brasil, que viveu uma ditadura de 1964 a 1988, não foi incluído na lista.

Ao contrário de outros países do continente, a Costa Rica não sofreu um golpe e implantação de ditadura, entre outros motivos, porque não tinha (e não tem) Exército.

Nível de corrupção

Com queda de 17 posições em um ano, o Brasil passou a ocupar a 96ª posição no ranking global de percepção da corrupção no setor público, segundo o relatório de 2017 divulgado pela organização não governamental (ONG) Transparência Internacional.

De um total de 180 países, o índice brasileiro saiu de 40 para 37 pontos no último resultado, em uma escala de 0 a 100 pontos, em que 100 representa a mais alta percepção de integridade de um país. A Costa Rica, por outro lado, apresenta um resultado dentro da média: com 59 pontos, o país ficou na 38ª posição.

PaísPosição no rankingPontuação IPC 2017
Costa Rica3859
Brasil9637

*Escala de 0 a 100, onde a pontuação máxima representa o melhor resultado

Liberdade de imprensa

Na edição de 2018 de seu ranking de Liberdade de Imprensa, a ONG Repórteres sem Fronteira listou a Costa Rica em 21º entre 180 países. O Brasil ficou em 102º.

A entidade destacou que, aqui, jornalistas sofrem ameaças, agressões durante manifestações e assassinatos, e destacou que a ausência de um mecanismo nacional de proteção para repórteres piora o quadro.

"O segredo das fontes é, com frequência, atacado no país e inúmeros jornalistas investigativos são alvo de processos judiciais abusivos", diz a organização sobre o Brasil.

Já em relação à Costa Rica, a entidade destaca um "exercício relativamente livre da profissão e uma legislação avançada em matéria de liberdade de informação", com algumas ressalvas: "espionagem, ameaças online, intimidações e agressões de jornalistas durante manifestações".

PaísPosição no rankingPontuação 2018
Costa Rica2114,01
Brasil10231,20

*Escala de 0 a 100, na qual 0 representa o melhor cenário e 100, o pior

Meio ambiente protegido e saudável

Na década de 70, quase 80% da cobertura florestal da Costa Rica havia praticamente desaparecido, dando espaço à criação de gado para produção de carne bovina, que tinha como principal financiador os Estados Unidos.

Com inovação, planejamento e vontade, o país mandou para escanteio suas taxas de desmatamento, transformando-se em exemplo de conservação ambiental e disputado destino de ecoturismo. Atualmente, mais da metade da sua cobertura florestal encontra-se sob a proteção de parques nacionais, reservas biológicas e refúgios de vida silvestre.

A vitória nessa seara só foi possível graças aos esforços do governo e da sociedade nos últimos 20 anos, que envolveram a implementação de um programa de pagamento por serviços ambientais (PSA) para remunerar produtores rurais familiares e comunidades tradicionais pela proteção do ambiente, além de uma estratégia nacional de REDD+, programa baseado na recompensa financeira de países em desenvolvimento pelos esforços de redução de emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento e da degradação florestal.

Os resultados desses esforços refletem no ranking dos países com melhores índices ambientais, o Environmental Performance Index (EPI), elaborado pelas universidades americanas de Yale e de Columbia, no qual a Costa Rica goleia com folga o Brasil.

PaísPosição no rankingPontuação EPI 2018
Costa Rica3068,85
Brasil6960,07

*Escala de 0 a 100, onde a pontuação máxima representa o melhor resultado

 

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