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Costa Neto culpa governo Lula por vandalismo em Brasília e isenta Bolsonaro

Questionado sobre o papel de Bolsonaro no episódio, Costa Neto negou o envolvimento do ex-presidente

Costa Neto: apesar da fala do presidente do PL, as invasões às sedes dos Três Poderes estava sendo preparada por extremistas leais a Bolsonaro desde o dia 3 de janeiro (Evaristo Sá/Getty Images)

Costa Neto: apesar da fala do presidente do PL, as invasões às sedes dos Três Poderes estava sendo preparada por extremistas leais a Bolsonaro desde o dia 3 de janeiro (Evaristo Sá/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de janeiro de 2023 às 12h35.

Última atualização em 20 de janeiro de 2023 às 12h47.

O presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, responsabilizou o governo Lula pelos ataques e depredações dos prédios públicos dos Três Poderes, em Brasília, por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, no dia 8 de janeiro.

"A culpa de tudo isso é do governo atual. São eles quem mandam no Exército, nas polícias e isso aconteceu. Não tinha policial suficiente para defender os prédios federais", disse o dirigente em entrevista à rádio CBN na manhã desta sexta-feira, 20.

Questionado sobre o papel de Bolsonaro no episódio, Costa Neto negou o envolvimento do ex-presidente. "Zero [responsabilidade]. A responsabilidade é do ministro da Justiça [Flávio Dino] que fez uma portaria que dizia que a Força Nacional iria defender os blocos federais e não tinha um cidadão da Guarda Nacional lá. Ninguém incentivou nada", disse.

Como mostrou o Estadão, as invasões às sedes dos Três Poderes estava sendo preparada por extremistas leais a Bolsonaro desde o dia 3 de janeiro, quando radicais começaram a divulgar com grande intensidade mensagens em aplicativos como o Telegram e o WhatsApp para trazer manifestantes de todo o País para Brasília, com as despesas pagas.

Retorno do ex-presidente

Durante a entrevista, Costa Neto afirmou que o próprio Jair Bolsonaro teria lhe informado que pretende retornar ao Brasil no final do mês de janeiro. O ex-presidente está nos Estados Unidos desde o final de 2022, quando, a três dias do fim de seu mandato se recolheu em um condomínio na região de Orlando, na Flórida.

A intenção da sigla é manter Bolsonaro no partido como uma liderança destacada. "Quero de qualquer forma o Bolsonaro aqui no Brasil, trabalhando e prestigiando o partido, indo nos nossos eventos, visitando as cidades. E principalmente a esposa dele, a dona Michelle [Bolsonaro]. Michelle se revelou com um carisma impressionante. Com isso, nós queremos eles para que fortaleçam o nosso partido", disse Costa Neto.

O novo cargo de Bolsonaro no PL — e um eventual para Michelle — vai gerar gastos para a sigla. O primeiro pagamento ainda não foi agendado, visto que a legenda está com os recursos bloqueados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) depois de receber uma multa de quase R$ 23 milhões por tentar anular o segundo turno com acusações infundadas sobre fraudes nas urnas eletrônicas.

"Minuta do Golpe"

Costa Neto afirmou que documentos semelhantes àquele apreendido na casa do ex-ministro Anderson Torres pela Polícia Federal foram vistos por ele. Segundo o dirigente, muitas pessoas enviaram relatórios com ideias ilegais para impedir que o presidente Lula tomasse posse.

"Olha, fiquei surpreso [quanto ao documento encontrado na casa de Torres], lógico! Mas acontece que daquele documentos, vários outros circularam. Teve gente que me mandava proposta de qual lei ou artigo eu tinha de usar para não deixar o Lula assumir. As propostas vinham de todo lugar. Aquilo que acharam na casa do ex-ministro da Justiça pode ter sido uma dessas", disse.

Quanto às propostas semelhantes que foram enviadas em seu nome, Costa Neto afirmou que descartava e não as mantinha em casa. "Eu tinha o cuidado de colocar no moedor quando recebia alguma proposta dessa", disse.

O conteúdo da minuta de decreto presidencial apreendida defende a necessidade de intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir o "pronto restabelecimento da lisura e correção do processo eleitoral presidencial" de 2022. O texto afirma que elas foram "descumpridas" em "grave ameaça à ordem pública e à paz social". O nome do ex-presidente Jair Bolsonaro aparece no final do texto.

Nesta quinta-feira, 19, Bolsonaro defendeu que a minuta é um documento "apócrifo" que não indica "quaisquer atos concretos" da participação do ex-chefe do Executivo em sua redação. Segundo a defesa do ex-presidente, o papel "nunca deixou a residência privada de terceiros; não foi publicado ou publicizado, a não ser pelos órgãos de investigação e; não se tem notícia de qualquer providência de transposição do mundo do rascunho de papel para o da realidade fenomênica, ou seja, nunca extravasou o plano da cogitação".

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