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Costa diz que nunca falou com Dilma sobre irregularidades

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras disse que alertou a então ministra-chefe da Casa Civil sobre atrasos em obras, mas não sobre irregularidades


	Paulo Roberto da Costa: em depoimento anterior a uma outra comissão parlamentar, no ano passado, Costa havia afirmado que fez "alerta" sobre "problema"
 (Luis Macedo/Câmara dos Deputados)

Paulo Roberto da Costa: em depoimento anterior a uma outra comissão parlamentar, no ano passado, Costa havia afirmado que fez "alerta" sobre "problema" (Luis Macedo/Câmara dos Deputados)

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Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2015 às 18h12.

Brasília - O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos principais delatores e envolvidos no esquema de corrupção na estatal, disse nesta terça-feira que alertou a então ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff sobre atrasos em obras da estatal, mas que não chegou a tratar de irregularidades na companhia.

"Nunca falei com ela sobre esse tema", afirmou Costa em depoimento à CPI da Petrobras, esclarecendo não ter tratado de corrupção com Dilma.

Em depoimento anterior a uma outra comissão parlamentar no Congresso, no ano passado, Costa havia afirmado que fez "alerta" sobre "problema".

Mas nesta terça-feira ele explicou que enviou o email à Casa Civil porque estava preocupado com a “paralisação” da obra e buscava, enquanto diretor, evitar problemas de abastecimento.

Ele afirmou ainda que a aprovação de contratos compete à Diretoria Executiva da Petrobras, e não ao Conselho de Administração, que foi integrado por Dilma.

Segundo Costa, a diretoria da estatal aprovou projetos incompletos porque o país importava gasolina e diesel em quantidades excessivas.

"Eu, como diretor de Abastecimento, não estava preocupado com desvio de dinheiro, estava preocupado se houvesse a paralisação da obra, nós teríamos problemas sérios de abastecimento."

Uma das obras que mais sofreu atrasos e está no centro das investigações de corrupção envolvendo a estatal é a Refinaria do Nordeste (Rnest), em Pernambuco, também conhecida como Abreu e Lima.

A Rnest custou 4,2 bilhões de dólares a mais do que deveria, concluiu no final do ano passado a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que apurou denúncias de corrupção na estatal.

A Petrobras afirma um custo total da Rnest de 18,5 bilhões de dólares, um montante muito acima do orçamento inicial. Em abril, a Justiça Federal do Paraná condenou Costa, o doleiro Alberto Youssef e outras seis pessoas por crimes como lavagem de dinheiro e por pertencerem a organização criminosa.

A condenação teve como base a denúncia de desvios de dinheiro na construção da Rnest por meio de pagamento de contratos com sobrepreços a empresas que prestaram serviços direta ou indiretamente à Petrobras entre 2009 e 2014.

Costa, que fechou acordo de delação premiada e denunciou o esquema de sobrepreço e corrupção na Petrobras que alimentaria os cofres de partidos políticos, foi sentenciado a sete anos e seis meses de reclusão.

"MAUS POLÍTICOS"

O ex-diretor disse ainda nesta terça-feira, em depoimento à CPI, que "maus políticos" envolveram a companhia em casos de corrupção.

"Nada disso teria acontecido se não fossem alguns maus políticos que levaram a Petrobras a fazer o que fez", afirmou Costa.

Segundo ele, políticos do PP, PMDB e do PT "são responsáveis por esquema de corrupção na Petrobras". Mas ele confirmou ainda que houve o pagamento de propina ao PSDB, ao então senador Sérgio Guerra, já falecido, que teve como objetivo esvaziar uma CPI para investigar a estatal em 2009.

O ex-diretor relatou também um "pedido" de doação à campanha de Eduardo Campos (PSB) --também já falecido-- ao governo de Pernambuco. Costa citou à CPI o envolvimento de Renan Calheiros (PMDB), Romero Jucá (PMDB), Lindberg Farias (PT) e Humberto Costa (PT) em “situações irregulares” referentes à petroleira.

Esses políticos e outros estão entre os investigados pelo Ministério Público Federal, com autorização do Supremo Tribunal Federal.

Costa afirmou ainda ter ouvido de empresários que “vários” repasses de recursos a partidos políticos vinham de esquema de propina e que faziam as doações com intuito de depois “recuperar” o investimento.

Costa reafirmou que só se chega a ser diretor na Petrobras por indicação política, e que isso ocorria desde 1985.

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