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Corujão de Doria tem exames de madrugada e sem reavaliação

O Corujão da Saúde iniciado anteontem visa acabar, em três meses, com uma fila de 485 mil pacientes

Médico: gestão havia prometido nova consulta para os pacientes aguardando exame há mais de seis mese (Alex E. Proimos/Photopin)

Médico: gestão havia prometido nova consulta para os pacientes aguardando exame há mais de seis mese (Alex E. Proimos/Photopin)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de janeiro de 2017 às 08h31.

São Paulo - Enquanto conta sua história, o aposentado Elzo Batista de Oliveira, de 76 anos, toma fôlego diversas vezes. Não consegue falar muitas frases seguidas sem sentir cansaço e falta de ar.

Com problema pulmonar crônico que se agravou nos últimos meses, ele teve a indicação médica de uma tomografia do pulmão, mas estava na lista de espera do exame havia quatro meses.

Foi um dos primeiros pacientes a ser chamado para o programa Corujão da Saúde, mutirão da gestão João Doria iniciado anteontem que quer acabar, em três meses, com uma fila de 485 mil pacientes.

A insatisfação do idoso foi com o horário do exame. Embora o prefeito tenha prometido prioridade às marcações entre 20 horas e meia-noite, quando ainda há transporte público, Oliveira foi agendado para a 1h20 no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na Bela Vista, a 20 quilômetros de sua casa, no Jardim João XXIII, na zona oeste. Para chegar lá, o idoso precisou pegar ônibus e metrô, além de caminhar mais de 1 quilômetro.

"Acho que a Prefeitura devia olhar a idade das pessoas quando for marcar os exames para não expor um idoso a ficar na rua nesse horário, né?" Oliveira saiu de casa com antecedência para poder pegar o metrô e chegou ao hospital à 0h20. Queria esperar até as 4h40 a reabertura da estação para retornar para casa, mas a filha, que o acompanhava, achou que seria "judiar demais" do pai.

"Instalei o aplicativo no celular dele, mas ele não sabe mexer e então eu vim junto para voltarmos de Uber", conta ela, a analista jurídica Érica de Souza Oliveira, de 36 anos.

A empregada doméstica Giracema Florinda de Sousa, de 38 anos, tinha exame às 2h22, mas decidiu sair de casa quatro horas antes por medo da violência.

Sem dinheiro para o Uber, Giracema decidiu esperar, ao lado da filha de 12 anos, o metrô reabrir, mas voltou de carona após conhecer no hospital outra paciente que morava na mesma região e tinha ido de carro.

Além do horário, chamou a atenção da paciente ter tido o exame agendado sem antes passar por reavaliação médica. Para os pacientes aguardando exame há mais de seis meses, a gestão Doria prometeu uma nova consulta antes do agendamento. Giracema aguardava há um ano e sete meses.

A Prefeitura informou que só o Oswaldo Cruz está agendando pacientes na madrugada. Ela informou ainda que vai reiterar a orientação para que sejam priorizados os pacientes que estão de um a seis meses na fila. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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