Brasil

Cortejado pelos três candidatos, Lula quer na Presidência da Câmara “aliado de primeira hora”

O presidente da República deve manter neutralidade publicamente, mas atuará nos bastidores para sair vitorioso no pleito

Lula:  (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

Lula: (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 24 de outubro de 2024 às 06h00.

Última atualização em 29 de outubro de 2024 às 10h27.

Tudo sobreCâmara dos Deputados
Saiba mais

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido cortejado pelos três candidatos à Presidência da Câmara dos Deputados: Hugo Motta (Republicanos-PB), Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Antonio Brito (PSD-BA). Entretanto, não pretende – por enquanto – declarar apoio formal a nenhum deles, afirmaram à EXAME técnicos do governo que acompanham o assunto.

Lula não quer criar atritos neste momento ao optar por um dos postulantes, mas a ele interessa atuar nos bastidores para ver na cadeira, a partir de fevereiro de 2025, um “aliado de primeira hora”, disseram auxiliares do presidente.

Publicamente, o chefe do Executivo tem dito que não se envolverá no processo eleitoral, mas nos corredores do Palácio Planalto já está claro que Lula trabalhará para ser vitorioso nesse processo.

A avaliação entre os auxiliares do petista é de que o governo não conseguiu construir uma base sólida na Câmara dos Deputados e depende do Centrão para aprovar os projetos governistas.

Com isso, será necessário atuar para ter no comando da Câmara uma pessoa com perfil mais conciliador e que esteja disposto a ajudar o governo nas pautas prioritárias.

Na equipe econômica, o diagnóstico é de que será necessária bastante disposição política na Câmara para aprovar mudanças nos benefícios trabalhistas e assistências. Um aliado na cadeira tende a ajudar nessas negociações.

Cortejo ao Planalto e ao PT

Motta, Brito e Nascimento sabem que o apoio de Lula é fundamental para direcionar os votos da base governista para um dos candidatos. Motta ofereceu ao PT a primeira-secretaria, que hoje ocupa da segunda-secretaria.

A vaga na mesa diretora da Câmara oferecida ao PT é uma espécie de "prefeitura", que lida dos assuntos administrativos.

Já Brito e Nascimento têm oferecido a primeira vice-presidência da Câmara ao PT. O posto é o primeiro na linha sucessória da casa.

Reforma ministerial e emendas parlamentares

Entre os aliados do presidente já é esperada para fevereiro uma reforma ministerial para equilibrar as forças que resultarão das eleições municipais e do novo comando da Câmara. Não está descartada, por exemplo, a oferta de Ministérios da Esplanada para acomodar partidos em troca de votos na sucessão da Câmara.

É esperado, por exemplo, que o PSD possa receber mais espaço para abrir mão da disputa na Câmara. O deputado Antonio Brito (PSD-BA) ainda mantém a candidatura, mas isso pode mudar durante o processo de negociações.

Na avaliação do Planalto, outro ponto importante na sucessão da Câmara tem relação com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de barrar o pagamento de emendas parlamentares sem transparência.

Para o Planalto, essa decisão enfraqueceu o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que tem adiado a decisão de anunciar publicamente Hugo Motta como seu candidato.

A tendência, avaliam auxiliares de Lula, é que as negociações para a Presidência da Câmara ganham força após o segundo turno e após uma decisão do STF sobre as emendas parlamenatares.

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosLuiz Inácio Lula da Silva

Mais de Brasil

Lewandowski vai a audiências em comissões do Senado e da Câmara nesta terça

Tempestades e chuvas intensas atingem 19 estados, com risco de alagamento no Centro-Sul nesta terça

Comissão do Senado pode votar hoje projeto que regula inteligência artificial

Líderes industriais gastam até quase cinco vezes mais do que a Nova Indústria Brasil por ano