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Corrupção na Petrobras levou mais de R$ 6 bi, diz procurador

Número da Petrobras é válido para efeitos de balanço, mas é conservador, afirmou Carlos Fernando dos Santos Lima em entrevista à imprensa em Curitiba


	Plataforma de petróleo da Petrobras: número é válido para efeitos de balanço, mas é conservador, afirmou
 (Petrobras/Divulgação)

Plataforma de petróleo da Petrobras: número é válido para efeitos de balanço, mas é conservador, afirmou (Petrobras/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 2 de julho de 2015 às 13h29.

Os prejuízos causados à Petrobras decorrentes do esquema de corrupção investigado pela Lava Jato são significativamente maiores do que os 6 bilhões de reais apresentados no balanço da estatal, afirmou o procurador do Ministério Público Federal Carlos Fernando dos Santos Lima.

O número da Petrobras é válido para efeitos de balanço, mas é conservador, afirmou o procurador em entrevista à imprensa em Curitiba, após a prisão do ex-diretor internacional da Petrobras Jorge Zelada na manhã desta quinta-feira.

A declaração do procurador foi dada após a prisão do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Zelada, nesta manhã, como parte da 15ª etapa da operação.

Segundo Lima, no que se refere às investigações sobre as diretorias chegou-se a um "bom termo", após a prisão de quatro ex-diretores. Além de Zelada, já haviam sido presos pela PF os ex-diretores Nestor Cerveró, a quem Zelada substitiu na diretoria da área Internacional, Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Renato Duque (Serviços).

Na avaliação do MPF, o número das perdas com corrupção divulgado pela Petrobras é válido para efeitos de balanço, mas é conservador.

"Nós não temos dúvida de que os prejuízos são significativamente maiores do que os 6 bilhões que foram lançados no balanço", disse Lima.

"Mas é quase impossível fazer a mensuração, porque há uma série de efeitos que se replicam em toda a cadeia de licitação", afirmou o procurador da força-tarefa da Lava Jato, em entrevista à imprensa em Curitiba.

Questionada pela Reuters, a estatal afirmou que não vai comentar as declarações do procurador.

O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, já havia afirmado anteriormente que a petroleira poderia rever suas avaliações sobre os prejuízos causados pela corrupção caso novas etapas da Lava Jato trouxessem novas informações.

A Petrobras anunciou em abril baixa contábil de 6,2 bilhões de reais relacionados com valores desviados no esquema de fixação de preços, suborno e propina investigado pela Lava Jato, o maior esquema de corrupção já revelado na história do país.

De acordo com o MPF, cerca de 700 milhões de reais foram devolvidos à empresa até o momento por empresas e acusados de envolvimento no processo que fizeram acordo com o Ministério Público. Até o fim do ano, a expectativa dos procuradores é de que a empresa receba no total 1 bilhão de reais de volta.

"Outros níveis"

Apesar de considerar que as investigações sobre a ex-diretoria da estatal estão avançadas, o MPF acredita que ainda há crimes a serem investigados em outros níveis da hierarquia dentro da empresa.

"Com certeza temos outros crimes acontecendo dentro da Petrobras em outros níveis, mas creio que na diretoria já está bem definido", disse Lima.

Sobre Zelada, que ocupou cargo na diretoria da empresa entre 2008 e 2012, o procurador afirmou que não há dúvidas de que ele recebeu recursos ilegais em contratos de alguel de sondas. Uma das empresas citadas é a Vantage, sediada em Houston.

O ex-diretor teve 11 milhões de euros bloqueados pela Justiça de Mônaco, em março, a pedido do MPF por suspeita de que os recursos sejam proveninente de propina, e fez transferências entre contas no exterior, inclusive um envio de 1 milhão de dólares para a China, após a deflagração da Lava Jato, segundo o MPF.

"A continuidade de transferências de valores do Zelada no exterior indica uma continuidade do crime de lavagem de dinheiro", afirmou o procurador.

A Lava Jato investiga um esquema bilionário de corrupção na Petrobras, no qual empreiteiras teriam formado um cartel para vencer contratos de obras da estatal.

Em troca, teriam pago propinas a funcionários da empresa, operadores que lavariam o dinheiro do esquema, políticos e partidos.

Além de ex-funcionários da estatal, a polícia também prendeu diversos executivos de grandes empreiteiras acusados de envolvimento no esquema, incluindo o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, que comandava o maior grupo de construção e engenharia da América Latina.

Texto atualizado às 13h25

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