Vacinação no Reino Unido: começa nesta segunda-feira, dia 4, a aplicação de doses produzidas pela parceria Universidade Oxford e o laboratório AstraZeneca (Jacob King/Pool/Reuters)
Fabiane Stefano
Publicado em 4 de janeiro de 2021 às 06h00.
Última atualização em 4 de janeiro de 2021 às 11h07.
O ano começa com a corrida acelerada pela vacina contra a covid-19 no Brasil. Além dos lances finais para a submissão do pedido à Anvisa do registro das duas vacinas que podem ser produzidas no Brasil, a Coronavac e o imunizante da AstraZeneca/Oxford, uma nova frente de vacinação - que parecia estar distante - poderá ser aberta: a participação do setor privado na aquisição de vacinas.
Clínicas particulares de vacinação no Brasil negociam a compra de 5 milhões de doses da vacina indiana contra a Covid-19, a Covaxin, segundo informações do presidente da Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas, Geraldo Barbosa, em entrevista à Globonews.
Uma comitiva formada por representantes de clínicas particulares de vacinação no país embarca nesta segunda-feira, 4, para a Índia para negociar com o laboratório indiano Bharat Biotech e vistoriar a capacidade de fornecimento da Covaxin.
No Brasil, a expectativa é que nas próximas semanas sejam solicitadas à Agência Nacional de Vigilância Sanitária o pedido de registro das duas principais apostas de imunização no país.
No caso da Coronavac, o Instituto Butantan deve submeter o pedido de registro da vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac até o dia 10 de janeiro, de modo a manter o cronograma de vacinação do governo do estado de São Paulo, planejado para começar no dia 25 de janeiro.
Antes do pedido à Anvisa, porém, o Instituto Butantan terá de revelar os dados de eficiência da Coronavac, após o governo paulista ter adiado no dia 23 de dezembro, pela terceira vez, a publicação de dados sobre a vacina. Na ocasião, o governo paulista afirmou apenas que o imunizante havia atingido o “limiar da eficácia”.
O número exato, entretanto, deveria ser divulgado em até 15 dias — esse foi o prazo solicitado pela Sinovac para analisar a base de dados dos estudos de fase 3 conduzido no Brasil, remetidos ao laboratório chinês. O prazo se encerra nos próximos dias.
Já a AstraZeneca disse em nota na quarta-feira, 30 de dezembro, que manterá o processo de submissão contínua para pedido de registro de sua vacina contra a covid-19 no Brasil após o imunizante obter aprovação no Reino Unido. Segundo Nísia Trindade, presidente da Fiocruz, que será responsável pela produção local da vacina da AstraZeneca, disse que todos os documentos devem ser entregues à Anvisa até o dia 15 de janeiro.
Outra frente que deve ter avanços no próximos dias é a negociação do Ministério da Saúde com a farmacêutica Pfizer que, junto com a alemã BioNtech, lançou uma das vacinas com uma das mais altas taxas de eficácia contra a convid-19 já demonstradas.
A Pfizer Brasil informou na quarta-feira, 30 de dezembro, que, após esclarecimentos feitos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em reunião mais cedo, a empresa entendeu que há possibilidade de o órgão regulador “modular” pontos específicos para adoção emergencial da vacina contra covid-19, o que possibilitaria “uma maior agilidade na submissão desse tipo de processo”.
Enquanto os brasileiros aguardam os trâmites de aprovação do imunizante da AstraZeneca, desenvolvido em parceria com a Universidade de Oxford, o Reino Unido começa a aplicá-lo em sua população nesta segunda-feira, 4, após a aprovação pela a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para a Saúde (MHRA) no dia 30 de dezembro.
As primeiras doses estão sendo administradas em um pequeno número de hospitais para fins de vigilância, de acordo o NHS, o sistema público de saúde britânico, nas cidades de Londres, Sussex, Lancashire, Warwickshire e Oxford, onde a vacina foi inventada. O país foi o primeiro a iniciar a imunização de sua população contra a covid-19 com a vacina produzida pelos laboratórios da Pfizer/BioNtech.
A fabricante de medicamentos AstraZeneca também prometeu aumentar a produção de vacinas contra o coronavírus para 2 milhões de doses por semana até o dia 15 de janeiro, de acordo com fonte da empresa ouvida pelo jornal inglês The Times. O número significa dobrar a produção atual, mas ainda não foi confirmado oficialmente pela fabricante.