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Correios: BNDES acelera estudos para privatização deslanchar em 2021

Um dos maiores desafios da equipe encarregada das análises será como endereçar o passivo de 14 bilhões de reais da estatal

BNDES acelera estudos sobre privatização dos Correios para que venda possa ocorrer até o final de 2021 (Elza Fiúza/Agência Brasil/Agência Brasil)

BNDES acelera estudos sobre privatização dos Correios para que venda possa ocorrer até o final de 2021 (Elza Fiúza/Agência Brasil/Agência Brasil)

CA

Carla Aranha

Publicado em 7 de dezembro de 2020 às 12h08.

Em entrevista exclusiva à EXAME, Leonardo Cabral, diretor de privatizações do BNDES, diz que os estudos sobre o modelo de desestatização dos Correios devem ficar prontos até setembro ou outubro de 2021. Com isso, a venda da estatal poderá acontecer até o final do ano que vem. Um dos maiores desafios deverá ser o que fazer com o passivo dos Correios, de 14 bilhões de reais, quase o mesmo valor do ativo. Uma das possibilidades é a União assumir uma parte da dívida. Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Como está o andamento dos estudos de modelagem econômica da privatização dos Correios?

A primeira fase dos trabalhos se encerra este ano. O relatório que será entregue agora em dezembro traz um benchmarking sobre empresas do setor postal que foram desestatizadas em outros países e o que pode ser adaptado para o Brasil. Com isso, vamos definir qual é a melhor forma de desestatizar os Correios. Em 2021, vamos definir como será feita a desestatização. Poderá ser por oferta de ações, por exemplo. A precificação dos Correios também está programada para o ano que vem.

Esses estudos poderão definir se uma parte do serviço que é prestado hoje pelos Correios ser repassado à iniciativa privada, como a entrega de encomendas de e-commerce?

Sim, isso mesmo. A competição por entregas de encomendas em São Paulo, por exemplo, é puramente privada. Outros serviços talvez dependam mais de uma supervisão pública para que continuem sendo prestados à população. E é importante lembrar que uma de nossas metas principais é universalizar a prestação do serviço no Brasil.

E quando essas análises deverão ser finalizadas?

No máximo até o terceiro trimestre do ano que vem. Depois disso, parte-se para a audiência pública e aprovação do TCU. Todo esse processo pode ser encerrado até o final de 2021. Estamos acelerando bastante o trabalho.

O que deverá ser feito com o passivo dos Correios?

Será contratada uma auditoria de primeira linha, que fará um trabalho robusto de diligência. Esse mesmo trabalho foi feito para a privatização da Companhia de Energia de Brasília, que acabou de ser desestatizada. Todo o volume de passivos será identificado e endereçado no modelo de desestatização.

Um dos problemas é que o valor do passivo é alto, não? Segundo o Ministério da Economia, chega a 14 bilhões de reais.

Isso tem que ser visto junto com a gestão dos Correios, mas o importante é que a conta tem que fechar. Em geral, o valor do passivo é descontado do ativo para se chegar a um valor mínimo de venda da estatal.

No caso dos Correios, o alto valor do passivo poderá depreciar o preço mínimo da companhia, já que o não há muita diferença entre o valor do ativo e do passivo?

O passivo certamente será considerado. Vamos ter todos os valores do passivo e do ativo na segunda fase dos estudos sobre a privatização, no ano que vem. Mas há algumas possibilidades em relação à acomodação do passivo. No caso dos leilões das distribuidoras de energia, tinha muito mais passivo do que ativo. A Eletrobras precisou então assumir uma parte do passivo. No caso dos Correios, tudo pode acontecer.

Quais são as possiblidades?

Vou dar um exemplo extremo. Pode acontecer que os passivos seja maiores do que o valor do negócio, aí o governo vai precisar assumir uma parte, ou, na outra ponta, pode se chegar à conclusão de que o modelo de negócio proposto comporta todos os passivos, então isso poderá ser passado para o ente privado. Existe também uma situação intermediária, em que o passivo que pode ser tão mal precificado pelo mercado que, provavelmente, quem terá um melhor controle de lidar com ele será a União. Nesse caso, pode fazer mais sentido do ponto de vista econômico deixar o passivo com a União para ter uma venda mais limpa.

Segundo o fundo de pensão dos Correios, o Postalis, existe um passivo de cerca de 7 bilhões de reais que ainda não foi equacionado. Isso pode ser mal precificado pelo mercado, certo?

O nosso foco vai ser identificar todos esses passivos, fazer uma diligência robusta e chegar a soluções para esses passivos.

 

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