Agência de notícias
Publicado em 15 de outubro de 2025 às 12h57.
O presidente dos Correios, Emmanoel Schmidt Rondon, apresenta nesta quarta-feira a primeira fase do plano de reestruturação da estatal e o pacote de medidas emergenciais para reequilibrar as contas da empresa, que enfrenta uma das piores crises financeiras de sua história.
Rondon disse que o programa de reestruturação tem corte de despesas, diversificação de receitas e negociação de contratos. Além disso, haverá um novo programa de demissão voluntária (PDV).
"O primeiro ponto fundamental é um programa de demissão voluntária, esse programa ele está sendo tratado de forma bem cuidadoso pra gente enxergar onde tem deficiência e ociosidade", disse. "A gente consegue fazer vendas de imóveis, isso impacta na redução de despesas", acrescentou.
Segundo ele, haverá também renegociação de contratos.
"Também vamos diversificar receitas, com uma reaproximação com os maiores clientes".
A apresentação do plano ocorre em meio a resultados negativos sucessivos. Os Correios fecharam o segundo trimestre de 2025 com prejuízo líquido de R$ 2,64 bilhões. No primeiro trimestre, as perdas haviam sido de R$ 1,72 bilhão, e, em 2024, o déficit totalizou R$ 2,6 bilhões. No acumulado do primeiro semestre, o rombo chega a R$ 4,3 bilhões.
A nova gestão confirmou que tenta viabilizar um empréstimo de cerca de R$ 20 bilhões, com aval do Tesouro Nacional, para garantir o funcionamento da companhia até 2026. De acordo com a empresa, o objetivo é recuperar a sustentabilidade financeira e modernizar a operação. As negociações pelo crédito estão sendo conduzidas entre o Tesouro e um sindicato de bancos, formado por Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e instituições privadas.
"Estamos passando por uma negociação com um sindicato de bancos, a operação está sendo colocada dentro de condições adequadas, mas que também seja viável para fazer o cumprimento do contrato de crédito que a gente vai assinar", disse o CEO da empresa.
Para viabilizar o crédito, o governo também deve exigir contrapartidas de ajuste fiscal interno, como a venda de imóveis ociosos, digitalização de serviços e revisão de contratos. O montante de R$ 20 bilhões considera a necessidade de caixa até 2026, período em que a estatal busca estabilizar o fluxo de receitas e despesas.
O presidente dos Correios disse também que as medidas buscam um equilíbrio financeiro, que as despesas sejam suficientes para pagar os compromissos.
"O que a gente está discutindo é reestruturação da empresa".
Rondon disse que receitas do banco vêm caindo ano a ano. Porém, as despesas estão subindo.
"O aumento de despesa, analisado ano a ano, vem na faixa de 6%. O que está faltando a gente fazer é colocar as medidas para reduzir as despesas. O cuidado agora é para ter uma dinâmica de redução", disse, acrescentando que o objetivo é ficar no azul em 2027.
A deterioração financeira dos Correios levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a trocar o comando da empresa em setembro, quando Fabiano Silva dos Santos foi substituído por Emmanoel Schmidt Rondon, economista e funcionário de carreira do Banco do Brasil. Rondon é considerado um gestor técnico e mantém interlocução direta com a Casa Civil, embora a estatal seja vinculada ao Ministério das Comunicações.
Os gastos com pessoal continuam sendo um dos principais desafios da estatal. No primeiro semestre deste ano, essas despesas subiram 9,3%, somando R$ 5,6 bilhões. O passivo com benefícios de empregados já alcança R$ 13,7 bilhões, entre obrigações de curto e longo prazo.
Em dezembro de 2024, a empresa havia captado R$ 550 milhões junto aos bancos Daycoval e ABC, mas as dívidas vencem em dezembro deste ano. Em junho, recorreu novamente a um sindicato de bancos para obter R$ 1,8 bilhão, com vencimento em 2026 — valores que não foram suficientes para conter a escalada dos prejuízos.