Praia em Florianópolis: a cena que envolveu o assassinato deixou outros comerciantes que trabalham na praia impressionados com o desdém da população (Flickr/Creative Commons/Luís Guilherme Fernandes Pereira)
Da Redação
Publicado em 25 de janeiro de 2016 às 17h50.
Florianópolis - Um vendedor de queijo coalho que trabalhava na praia da Lagoinha do Norte, em Florianópolis, foi assassinado a facadas no domingo, 24. Ele morreu nas areias da praia e seu corpo permaneceu no local por duas horas. A polícia investiga os motivos para o crime.
Alagoano, Pereira tinha 23 anos e viajou de Maceió para trabalhar durante a temporada em Florianópolis.
No domingo, 24, os salva-vidas o viram sendo perseguido por dois homens. Ele foi esfaqueado no rosto, nas costas e no abdome pelos criminosos.
Pereira não resistiu aos ferimentos. Antes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegar, já tinha falecido. A Delegacia de Homicídios investiga o caso.
O delegado Ênio de Mattos não crê em racismo como motivação.
A cena que envolveu o assassinato deixou outros comerciantes que trabalham na praia impressionados com o desdém da população. O corpo do vendedor permaneceu por duas horas na areia.
Matheus da Conceição Prado, 29 anos, vende água mineral em frente à guarita onde Pereira foi assassinado. Ele conta que as pessoas não demoraram a voltar ao lazer e ignoraram o corpo estirado na areia.
"As mulheres estavam lá, passando bronzeador. As crianças brincando no mar. Pessoal pedindo coisas pra comer e beber. E ele ali, com uma cobertinha azul. Fui pra casa me sentindo mal. Poderia ser comigo, ninguém iria se importar", disse.
Virose
Desde o dia 7 de janeiro, cerca de 1,5 mil pessoas foram medicadas na Unidade de Pronto Atendimento do Norte da ilha com febre, vômito e diarreia. Turistas vão a Canasvieiras mascarados, para evitarem o cheiro do esgoto. Das 42 praias da Ilha, 30 estão poluídas pela ineficiência do saneamento básico na capital.
O presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Florianópolis, Tarcísio Schmidt, disse acreditar que seja o queijo coalho, vendido nas praias da ilha pelos nordestinos, o responsável pelas contaminações.