(Ricardo Moraes/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de junho de 2020 às 13h57.
Última atualização em 18 de junho de 2020 às 14h53.
Desde o início do isolamento social, em março, a preocupação com a pandemia provocada pelo novo coronavírus ganhou materialidade na vida dos brasileiros. Além dos sucessivos recordes diários de mortes, dos novos protocolos sanitários a seguir e da mudança nas rotinas de trabalho e pessoal, muita gente precisou adequar o orçamento. Nos casos mais extremos, famílias, sobretudo aquelas que tinham nas atividades informais sua principal fonte de renda, passaram a amargar a insuficiência de recursos para suprir necessidades essenciais, como a garantia mínima de três refeições diárias.
Em um país marcado por desigualdades sociais, as medidas definidas para a retomada da economia serão determinantes para diminuir os impactos sobre uma parcela significativa da população que corre risco iminente de voltar à miséria. O assunto virou motivo de embate entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e boa parte dos governadores, que divergem sobre a manutenção da quarentena em detrimento da retomada imediata das atividades econômicas não essenciais.
Apesar das discussões entre as autoridades, neste momento a parcela da população que têm acesso à internet (74% dos brasileiros, segundo a pesquisa TIC Domicílios) está mais preocupada com a saúde. De acordo com a plataforma Civiclytics-covid-19, 40% das publicações nas redes sociais estão relacionadas à segurança sanitária, enquanto assuntos relacionados à economia correspondem a apenas 18% das postagens.
Fruto de uma parceria entre o Citibeats e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a ferramenta usa inteligência artificial para monitorar "como as pessoas estão reagindo às novas situações, dinâmicas e rotinas cotidianas" online. As fontes de informação incluem desde postagens no Twitter até opiniões de pesquisas na internet.
"O objetivo é conhecer os dados sobre a pandemia de covid-19 para ajudar a estimular a criação de soluções inovadoras que podem ser desenvolvidas por cidadãos, governos e setor privado", diz o site.
As categorias são escolhidas de acordo com o volume e a intensidade dos dados publicados online e abrangem assuntos como fake news, segurança alimentar, teletrabalho, educação, meio ambiente e saúde mental.
Os temas de maior interesse entre os usuários, além das já mencionadas segurança sanitária e economia, são o impacto cultural da crise (7,4%) e as iniciativas cívicas surgidas durante a pandemia (8,2%).
Em comparação aos outros 25 países analisados pela plataforma, o Brasil aparece entre os três primeiros com maior preocupação em relação à circulação de notícias falsas (2,7% das publicações).
"Compartilhando suas opiniões, as pessoas estão dando uma grande contribuição cívica e possibilitando uma visão mais detalhada dos ambientes das cidades, países e regiões, em tempo real", defende o BID.