Brasil

Ministério da Saúde usará droga experimental para tratamento da covid-19

Mandetta anunciou nesta quarta-feira, 25, que remédio usado para a malária será testado em pacientes com coronavírus em estado grave

 (REB Images/Getty Images)

(REB Images/Getty Images)

CC

Clara Cerioni

Publicado em 25 de março de 2020 às 17h46.

Última atualização em 25 de março de 2020 às 21h07.

O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira, 25, que vai liberar 3,4 milhões de unidades da cloroquina, usado no tratamento contra a malária, lúpus e artite reumatóide, para pacientes com coronavírus que estão em estado grave. Até hoje, já são 57 vítimas fatais da doença no país.

Apesar de ser usado para outras doenças, a cloroquina e sua variante hidroxicloroquina são drogas experimentais para o tratamento da covid-19. O medicamento apresentou resultados positivos em estudos preliminares feitos por pesquisadores da China e da França, quando usado junto com um antibiótico para combater infecção pulmonar. No entanto, ainda faltam evidências científicas e testes clínicos que comprovem a eficácia do remédio contra a doença causada pelo novo coronavírus.

Segundo o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Denizar Vianna, o Brasil tem uma experiência de décadas no tratamento da malária em pacientes na região Norte, o que aumenta as chances de sucesso. Segundo pesquisas internacionais, a cloroquina tem potencial para diminuir a contagem viral de pacientes infectados.

"A mortalidade do grupo de pessoas internadas é muito alta. Dado o conhecimento sobre a cloroquina temos a opção de utilizá-lo em curto de espaço de tempo e oferecer dentro de hospitais os medicamentos", disse Viana.

O secretário informou que a equipe técnica do governo elaborou um protocolo, que prevê cinco dias de tratamento, sempre dentro do hospital e monitorado por um médico, por conta de seus efeitos colaterais como taquicardia. 

"Não usem o medicamento fora do ambiente hospitalar, isso não é seguro. É preciso ter supervisão médica. Tratamos pacientes de malária com cloroquina há décadas, mas os pacientes com covid-19 precisam de uma série de outras medidas para o tratamento da doença", reforçou o secretário.

As unidades do remédio, segundo informou o ministro da Saúde, Luiz Mandetta, só serão distribuídas aos hospitais, uma vez que em pacientes graves os benefícios podem superar os riscos em casos graves. "Esse medicamento não é indicado para prevenção", afirmou Mandetta.

Após as primeiras notícias sobre o potencial da cloroquina para o tratamento da covid-19 e um discurso inflamado do presidente dos Estados Unidos Donald Trump, brasileiros e pessoas do mundo todo correram para farmácias em busca de medicamentos à base de cloroquina, deixando pacientes de doenças crônicas sem acesso ao medicamento, o que levou laboratórios a aumentar a produção no Brasil, como fez a Apsen.

As últimas notícias da pandemia do novo coronavírus

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusMaláriaMinistério da Saúde

Mais de Brasil

O que acontece agora após indiciamento de Bolsonaro e os outros 36 por tentativa de golpe de Estado?

Inmet prevê chuvas intensas em 12 estados e emite alerta amerelo para "perigo potencial" nesta sexta

'Tentativa de qualquer atentado contra Estado de Direito já é crime consumado', diz Gilmar Mendes

Entenda o que é indiciamento, como o feito contra Bolsonaro e aliados