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Coronavírus: 5 medidas que o novo ministro da Saúde precisa tomar urgentemente

O médico Marcelo Queiroga foi escolhido pelo presidente Bolsonaro como novo ministro da Saúde. Ele assume no pior momento da pandemia

Centro do Rio de Janeiro: o fechamento de serviços não essenciais é defendido por especialistas em saúde pública. (Luiz Souza/NurPhoto/Getty Images)

Centro do Rio de Janeiro: o fechamento de serviços não essenciais é defendido por especialistas em saúde pública. (Luiz Souza/NurPhoto/Getty Images)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 16 de março de 2021 às 12h24.

Última atualização em 16 de março de 2021 às 12h39.

Após várias reuniões com aliados e possíveis candidatos, o presidente Jair Bolsonaro escolheu o médico Marcelo Queiroga para ser o novo ministro da Saúde. A oficialização ainda depende da publicação em Diário Oficial, mas ele já fala como o novo titular da pasta.

Marcelo Queiroga, afirmou nesta terça-feira (16) que dará continuidade ao trabalho do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, e garantiu que a política de enfrentamento à covid-19 no país "é do governo Bolsonaro e não do ministro da Saúde".

"O ministro Pazuello tem trabalhado arduamente para melhorar as condições sanitárias do Brasil e fui convocado pelo presidente Bolsonaro para dar continuidade a este trabalho para conseguirmos vencer esta crise na saúde pública", afirmou o médico na chegada à reunião com a cúpula do Ministério da Saúde para discutir a transição do comando da pasta. "Não vim para avaliar gestão Pazuello, vim para trabalhar pelo Brasil", completou.

O novo ministro assume a pasta no pior momento da pandemia, com uma média diária de mortes pela doença superior a 1.500. Muitos estados estão com o atendimento em colapso porque os leitos de UTI atingiram 100%. Especialistas em saúde elencam as cinco prioridades que precisam ser adotadas pelo futuro ministro da Saúde.

1- Lockdown nacional

O grupo de pesquisadores do Observatório Covid-19 BR publicou um manifesto há duas semanas pedindo um lockdown imediato em todo o Brasil de pelo menos 14 dias para frear o avanço da doença no país.

Além de parar os serviços não essenciais e restringir a circulação de pessoas, o grupo pede “a aprovação imediata de um auxílio emergencial no valor de 600 reais até, no mínimo, que os indicadores da epidemia tenham se reduzido para possibilitar a reabertura da economia”.

A mesma opinião é compartilhada por Gonzalo Vecina, um dos maiores médicos sanitaristas do país e que criou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. “Primeiro precisamos garantir a redução de contatos, para reduzir o número de casos. É preciso adotar isolamento social, uso de máscaras, higiene, não aglomeração em locais fechados”, diz.

2- Acelerar a compra e distribuição de vacinas

Segundo o levantamento feito pelo consórcio de imprensa, 10.081.771 pessoas já receberam pelo menos a primeira dose da vacina contra a covid-19. Este valor é a soma dos 26 estados mais o Distrito Federal e equivale a 4,76% da população brasileira. O ritmo de vacinação no país está atrás de Israel, Estados Unidos, e até do vizinho Chile.

Natalia Pasternak, microbiologista e presidente do Instituto Questão de Ciência, diz que a única solução para a covid-19 é a vacinação. “Tradicionalmente, doença infecciosa pandêmica, principalmente viral, a gente resolve com vacinas. A gente nunca resolveu com medicamento”, diz.

O Ministério da Saúde comprou até o momento 560 milhões de doses, sendo a maior parte da Fiocruz/AstraZeneca, com 210 milhões de doses. Mas deste total, distribuiu pouco mais de 20 milhões.

Gonzalo Vecina diz explica que o Brasil tem tradição em grandes campanhas de vacinação em massa e que poderia aplicar quase 1 milhão de doses por dia, mas o grande problema está na capacidade de ofertar o imunizante na ponta, para as prefeituras.

3- Financiamento de leitos de UTI

Hospitais em todo o país estão sobrecarregados e com a capacidade em colapso. Na região Sul do Brasil, os três estados enfrentam problemas. Em Santa Catarina mais de 100 pessoas já morreram na fila enquanto aguardavam um leito de UTI. Durante o auge da pandemia, no meio do ano passado, o Ministério da Saúde mandou recursos para estados e municípios pagarem a conta de mais leitos. Mas este dinheiro acabou em 2021.

“Aumentar o financiamento de leitos de UTI ajuda a diminuir o desastre dos serviços de saúde”, alerta Vecina. Na semana passada o Ministério da Saúde liberou recursos para o pagamento de 3.201 leitos de UTI em todo o país, mas estados, como São Paulo, dizem que ainda não receberam o dinheiro e que estão bancando os leitos com recursos próprios.

4- Gestão coordenada

Desde que o general Eduardo Pazuello assumiu o Ministério da Saúde, toda a coordenação de combate à pandemia de covid-19 ficou sob a responsabilidade de estados e municípios. Na avaliação dos especialistas em saúde pública ouvidos por EXAME, o governo federal precisa ser o ponto de referência de todas as decisões, que podem ser tomadas de forma regional, mas com o olhar nacional.

Em carta aberta publicada no começo de março, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) pediu que o Ministério da Saúde tomasse uma série de medidas de forma coordenada e única para sair da crise sanitária. Dentre elas está um toque de recolher nacional, fechamento de bares e de praias.

5- Comunicação nacional

O Ministério da Saúde, até o momento, defendeu o uso de remédios não comprovados para o tratamento da covid-19, e deixou de orientar sobre medidas de isolamento social, amplamente defendidas por médicos e cientistas.

Os secretários de Saúde pedem a implementação de um Plano Nacional de Comunicação, com o objetivo de reforçar a importância das medidas de prevenção e esclarecer a população.

“Uma das medidas que precisam ser adotadas são campanhas publicitárias explicando as razões de estarmos neste momento da pandemia, falar das novas variantes e de seu poder infectante. Precisamos da gestão de comunicação do Ministério da Saúde”, diz Gonzalo Vecina.

(Com Estadão Conteúdo)

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