Agora, os pesquisadores estão propondo um projeto que resultará em novas concepções de sensores de velocidad (AFP)
Da Redação
Publicado em 1 de junho de 2011 às 23h46.
Rio de Janeiro - Após um ano de trabalho, a Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) concluiu hoje (1º) estudo sobre o funcionamento de sensores de velocidade aeronáuticos tradicionais. Nesse período, os pesquisadores Renato Cotta e Átila Silva Freire, professores do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe, avaliaram as causas do acidente do voo Air France 447, ocorrido em maio de 2009, por meio de testes em túneis de vento e em voo.
Agora, os pesquisadores estão propondo um projeto que resultará em novas concepções de sensores de velocidade, conhecidos como tubos de Pitot, visando a oferecer opções à indústria interessada em desenvolver sensores a serem usados pelas aeronaves, disse o professor Renato Cotta à Agência Brasil. Ele avaliou que os sensores usados nos aviões não devem ser absolutamente idênticos, isto é, baseados no mesmo princípio, como ocorreu no caso do voo AF 447. Nesse voo, morreu a filha de Cotta, Bianca, que havia casado no dia anterior com Carlos Eduardo Melo e estava em viagem de lua de mel.
O estudo objetiva permitir ao Brasil desenvolver sensores resistentes a temperaturas extremas, que impeçam a repetição da tragédia como a do voo AF 447, que causou a morte de 228 pessoas. “A ideia é prover uma infraestrutura que o Brasil não tem, de um túnel de vento para formação de gelo, para que a gente possa estudar situações atmosféricas onde ocorrem formação de gelo em sensores. Hoje, o Brasil não tem uma instalação desse tipo”, disse Cotta.
O túnel de vento é um equipamento de laboratório onde se fazem testes de aerodinâmica e se desenvolvem os sensores aeronáuticos. “A gente quer desenvolver o primeiro túnel de vento de formação de gelo no Brasil”. Sem esse equipamento, a Coppe não poderá criar um protótipo de sensor de velocidade aeronáutico robusto e que apresente controle térmico mais preciso do que os disponíveis atualmente no mercado.
Cotta revelou que, em seguida, a ideia é trabalhar em cima de novas concepções de tubos de Pitot para oferecer alternativas ao mercado. Ele disse que o Airbus que fazia o voo AF 447 tinha três tubos de Pitot idênticos que já haviam falhado anteriormente. A sua substituição foi recomendada 12 meses antes do acidente, destacou.
Cotta afirmou que embora não tenham ainda uma interpretação definitiva da sequência de eventos que levaram ao acidente com o voo 447, os pesquisadores da Coppe têm uma certeza: “é incontestável a falha dos tubos de Pitot. Os sensores de velocidade forneceram leituras inconsistentes de velocidade devido ao congelamento dos sensores”.
Para dar prosseguimento às pesquisas, entretanto, os pesquisadores da Coppe necessitam de investimentos da ordem de R$ 3 milhões, que deverão ser buscados nas agências de fomento. “Como é um investimento de pesquisa e desenvolvimento, a gente deve buscar o caminho das agências de fomento, até ter a concepção de um sensor de velocidade alternativo e aí, sim, tentar despertar o interesse da iniciava privada para investir na sua industrialização”, disse.
Renato Cotta afirmou ainda que uma vez assegurados os recursos necessários ao projeto, a expectativa é poder apresentar a nova concepção alternativa desses sensores de velocidade no prazo de dois anos.