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Copom deixa em aberto opções para aumento de juros em 2011

Economistas esperam que a Selic volte a subir no próximo ano, começando com uma alta de meio ponto percentual em janeiro

Alexandre Tombini, futuro presidente do BC, deve aumentar a Selic no início de 2011 (Antônio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

Alexandre Tombini, futuro presidente do BC, deve aumentar a Selic no início de 2011 (Antônio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2010 às 06h40.

Brasília - O Banco Central optou por deixar em aberto suas alternativas para quando voltar a elevar o juro básico, depois de deixar a Selic inalterada na última da reunião do Comitê de Política Monetária sob o comando de Henrique Meirelles.

Os integrantes do Copom, incluindo Alexandre Tombini, que foi indicado para substituir Meirelles no mês que vem, votaram por unanimidade ontem pela manutenção da Selic em 10,75 por cento. A decisão veio de acordo com as previsões de 48 dos 51 economistas consultados pela Bloomberg. Os outros três previam uma alta de pelo menos 0,25 ponto percentual.

O Comitê, formado por oito integrantes, disse no comunicado que acompanhou a decisão que o cenário está “menos favorável” do que no encontro anterior e que será preciso “tempo adicional” para avaliar o impacto do aumento do compulsório.

“Não há um sinal muito forte de que eles vão aumentar a taxa em janeiro”, disse Marcelo Salomon, economista-chefe para o Brasil no Barclays Capital, em entrevista por telefone de Nova York. “Os mercados vão reavaliar a probabilidade de que eles elevam já em janeiro.”

Operadores apostam que o Copom vai elevar a Selic em meio ponto percentual na próxima reunião em janeiro, de acordo com estimativas da Bloomberg baseadas nos contratos de Depósito Interfinanceiro negociados na BM&FBovespa. Economistas esperam que a Selic volte a subir no próximo ano, começando com uma alta de meio ponto percentual em janeiro, que levará a taxa a 11,25 por cento, de acordo com a última pesquisa do BC com o mercado, publicada em 6 de dezembro.

‘Adiar de novo’

O aumento do compulsório em 3 de dezembro gerou incerteza quanto ao momento e a magnitude das altas de juros, disse Gray Newman, economista-chefe para a América Latina no Morgan Stanley.

“A linguagem de hoje não esclareceu nada”, disse Newman em entrevista por telefone de Nova York. “Deixou a porta aberta para eles. Eles podem adiar de novo.”

O Brasil, oitava economia do mundo, deve crescer 7,54 por cento este ano, o ritmo mais forte em mais de duas décadas, de acordo com a última pesquisa do BC com economistas. O Produto Interno Bruto provavelmente cresceu 0,4 por cento no terceiro trimestre em relação ao anterior, de acordo com a mediana de 35 economistas consultados pela Bloomberg.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo subiu 5,63 por cento nos 12 meses até novembro e 0,83 por cento em relação a outubro, a maior alta mensal desde abril de 2005.

“O quadro de inflação está se deteriorando e pede uma resposta”, disse Marcelo Carvalho, chefe de pesquisa para a América Latina no Banco BNP Paribas Brasil SA em São Paulo. Carvalho espera que Tombini eleve a Selic em pelo menos 50 pontos-base no mês que vem.

A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou na terça-feira a indicação de Alexandre Tombini para assumir a presidência do BC no governo da presidente eleita Dilma Rousseff. A indicação ainda precisa ser votada em plenário.

Na sessão da CAE, Tombini reafirmou seu compromisso com o sistema de metas de inflação e disse que o Brasil deve tentar reduzir a atual meta de 4,5 por cento ao ano, com tolerância de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.
 

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