Simone Maulaz Elteto, coordenadora do colégio Goyases, onde dois morreram após ataque de colega na última sexta-feira (20) (TV Globo/Reprodução)
Talita Abrantes
Publicado em 23 de outubro de 2017 às 11h28.
Última atualização em 23 de outubro de 2017 às 12h02.
São Paulo – Em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, a coordenadora do Ensino Fundamental 2 do Colégio Goyases, em Goiânia (GO), relatou neste domingo (22) como conseguiu convencer o adolescente de 14 anos a parar de atirar.
O aluno, que é filho de policiais militares, matou dois colegas e deixou outros quatro feridos após fazer disparos dentro da sala de aula na última sexta-feira (20).
Quando Simone Maulaz Elteto, que trabalha há mais de 10 anos na escola, chegou à sala do oitavo ano, que fica no terceiro andar da unidade, a maior parte dos alunos já tinham fugido. Só estavam na classe os alunos João Pedro Calembo e João Vitor Gomes, que morreram, Isadora de Morais, que continua hospitalizada, e o autor dos disparos.
Ela contou que pediu calma ao adolescente, que estava “um pouco alterado”. Em seguida, ele deu um tiro para a trás da sala, na parede, e pediu para a coordenadora chamar pelo pai dele. Segundo ela, o aluno começou então a caminhar para a porta. Naquele momento, ela se posicionou à frente do adolescente, que continuava empunhando a arma destravada.
“A arma ficou posicionada no meu abdômen, a mão direita eu coloquei no ombro dele e a mão esquerda eu fui empurrando devagar para o rumo da parede, em direção a uma sala que eu sabia que estava sem alunos. Depois consegui segurar a mão dele com as duas mãos e falei: ‘vem comigo, tudo vai ser resolvido'”, disse.
Simone disse que, então, o levou para a biblioteca da escola, onde o adolescente, enfim, destravou a arma. Quando os policiais chegaram, o estudante soltou a arma, mas a coordenadora continuou segurando a mão dele temendo que ele atirasse contra os policiais ou atentasse contra a própria vida.
O adolescente, que segundo relatos seria vítima de bullying, deve ser internado provisoriamente pelo prazo de 45 dias. Desde sexta-feira, 20, data do atentado na unidade educacional, ele está na Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais (Depai).