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Como Lula reagiu às conversas vazadas de Moro, segundo seus advogados

José Roberto Battochio disse que ex-presidente ficou surpreso com "promiscuidade" na relação entre Moro e procuradores; Defesa incluirá diálogos no processo

Lula: ex-presidente diz ter ficado surpreso com o conteúdo do material relevado pelo site The Intercept (Fabio Vieira/Getty Images)

Lula: ex-presidente diz ter ficado surpreso com o conteúdo do material relevado pelo site The Intercept (Fabio Vieira/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de junho de 2019 às 15h07.

Última atualização em 11 de junho de 2019 às 16h13.

São Paulo — "Agora todo mundo está vendo que não era só discurso", disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a interlocutores quando foi informado do teor das conversas atribuídas ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o procurador da República Deltan Dallagnol divulgadas domingo (9), pelo site The Intercept.

Segundo pessoas que estiveram com Lula, a revelação dos diálogos deixou o ex-presidente mais confiante de que o fim do período na prisão pode estar próximo — e também revoltado com os responsáveis pela Lava Jato.

Nesta terça-feira (11), Lula recebeu as visitas dos advogados Cristiano Zanin e José Roberto Battochio na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

Segundo Zanin, Lula "ficou bastante impactado com o conteúdo do material". Em entrevista coletiva na saída do prédio da PF, eles disseram esperar que o Supremo Tribunal Federal (STF) leve em conta as revelações ao analisar os pedidos de habeas corpus pendentes na Corte.

"Temos a expectativa de que [o STF] julgue os HCs já pendentes e inclusive a falta de neutralidade do juiz Sérgio Moro em relação ao ex-presidente Lula", disse Zanin. "São temas já apresentados ao Supremo e que ajudam no julgamento", completou.

De acordo com o advogado, a defesa deve incluir formalmente no processo os diálogos revelados no domingo, mas ainda não definiu a forma e a data. Embora os novos dados não estejam nos autos, segundo Zanin sua essência é a base da argumentação da defesa desde o início do processo.

"São coisas que nós já havíamos levantado desde o início. Esperamos que estes fatos novos ajudem a sensibilizar e mostrar ao Judiciário que o ex-presidente Lula não teve um julgamento justo, imparcial e independente", afirmou.

Conforme Zanin, o material divulgado até agora já é suficiente para provar que Moro não agiu como juiz imparcial.

"O material que já foi divulgado reforça integralmente o que foi dito. Já é suficiente para demonstrar que o juiz Sergio Moro não atuou como julgador equidistante, atuou como um coordenador da acusação e depois proferiu um veredito em cima de uma acusação que ele próprio ajudou a construir", afirmou.

O advogado acrescentou ainda que as informações devem ser acrescentadas também ao processo que a defesa move no Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas, que se baseia justamente na alegação da defesa de falta de imparcialidade de Moro.

Já Battochio destacou que Lula ficou surpreso com a "promiscuidade" nas relações entre Moro e os procuradores da operação.

"Duas foram as surpresas do presidente Lula: a primeira, a rapidez com que a verdade veio à tona através desses diálogos captados e levados à publicação. Segundo, o elevadíssimo grau de promiscuidade entre quem julga e quem acusa em um mesmo processo, a desnaturar o princípio constitucional da imparcialidade do juiz", contou.

Nesta terça-feira, o ex-presidente recebe a visita do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Na segunda-feira (10), Lula esteve com o deputado Emídio de Souza, tesoureiro nacional do PT, e com o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh. Os três são advogados e integram formalmente a defesa do petista.

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