Brasil

"Contestamos a autenticidade da gravação", diz defesa de Temer

Antonio Claudio Mariz, advogado do presidente, afirmou que a gravação da conversa entre Temer e Joesley Batista não pode ser considerada uma prova válida

Michel Temer: a PF conclui que áudio de Joesley com Temer não tem edição (Ueslei Marcelino/Reuters/Reuters)

Michel Temer: a PF conclui que áudio de Joesley com Temer não tem edição (Ueslei Marcelino/Reuters/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de junho de 2017 às 20h07.

Brasília - Advogado de defesa do presidente Michel Temer, Antonio Claudio Mariz, divulgou nota nesta terça-feira, 27, para comentar a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e reforçou a linha adotada por Temer em pronunciamento feito nesta tarde.

Assim como fez o presidente em sua fala, Mariz afirmou que a gravação da conversa entre Temer e Joesley Batista não pode ser considerada uma prova válida e atacou a denuncia feita pela PGR.

"São 60 páginas de ilações, repetições, suposições, hipóteses, deduções subjetivas", escreveu o advogado.

"Uma peça longa, porém carente de conteúdo acusatório. Trata-se, na verdade, de uma obra de ficção e não uma peça acusatória, objetiva e descritiva que dê ampla possibilidade de defesa", completou.

Segundo Mariz, a peça acusatória "chega às raias da leviandade" quando afirma, como fato constitutivo do crime, o recebimento por Temer "de determinada importância sem dizer quando, onde, como, que horas".

"É uma afirmação lançada ao léu sem base em fatos, provas, objetividade", disse.

O advogado diz ainda que é estranho estar na peça acusatória o fato de o presidente receber o interlocutor em horário noturno e fora da agenda.

"Isso não é crime. É sabido que o presidente recebe, corriqueiramente, várias autoridades do cenário jurídico e político do país em horário além do expediente e sem estarem previstos na pauta do dia", afirmou.

"Desafiamos a acusação para que aponte dados concretos sobre o recebimento do dinheiro para que tenhamos ampla possibilidade de defesa."

Mariz questiona ainda os acordos feitos pela delação de Joesley, diz que eles são "um acinte ao estado de Direito e uma artimanha que serve menos ao desejo legítimo de um País mais justo e mais a interesses não revelados".

Ao fazer críticas ao acordo de delação feito entre a procuradoria e o empresário, Mariz diz que o acordo é passível de contestação "por outros aspectos: os benefícios chocantes e ilegais obtidos pelos delatores, tais como saída do País sem restrição, manobra financeira e recebimento de perdão que não poderia ser outorgado, e, vantagem maior, a total impunidade."

Mariz reforçou ainda que a veracidade das delações dos dirigentes da JBS é contestada porque resultou "em inusitado e grandioso benefício aos delatores e por não ter sido investigada para confirmar o que foi afirmado".

"As autoridades consideraram, sem nenhuma cautela, as delações como verdade absoluta. Os dirigentes da JBS foram aconselhados a buscar eventuais provas para conseguir a aceitação da delação", destacou o advogado.

Gravação

Na nota, o advogado reforça ainda que a defesa vai contestar o uso das gravações como provas, já que diferentes laudos apontam que houve interferências.

"O mesmo laudo que fundamentou a peça acusatória e afirma não haver edição comprova a existência de 180 paralisações. Três outros peritos confirmam haver adulteração", diz.

"Contestamos, portanto, a autenticidade da gravação. Dessa forma, o áudio não pode ser considerado como prova de responsabilidade penal."

Mariz afirma também que mesmo que fique provada a legitimidade da gravação, "ela não poderá ser considerada como prova de culpa".

"Seu conteúdo não demonstra nenhuma prática de crime por parte do presidente Michel Temer, assim, repele-se, veementemente, a acusação de corrupção", destacou. "Ademais, saliente-se: a utilização de uma gravação por um dos interlocutores é prova ilícita, salvo tenha sido feita para a defesa de quem a gravou, o que não é o caso."

Acompanhe tudo sobre:Delação premiadaJBSJoesley BatistaJustiçaMichel TemerRodrigo Janot

Mais de Brasil

STF tem maioria para rejeitar revisão da vida toda do INSS

Acidente grave com BRT deixa mais de 60 feridos no Rio de janeiro

X cumpre ordem de Moraes e indica ao STF novo representante legal no Brasil

Quando é o próximo debate para prefeito de SP? Veja data, horário e como assistir ao vivo