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Contas de Cunha no exterior apareceram no caso Banestado, diz MPF

Hospedada no banco JP Morgan Chase, de Nova York, a Beacon era uma conta-ônibus utilizada por dezenas de doleiros brasileiros no final dos anos 90

Cunha: na base de dados da Beacon Hill Service Corp "foram identificadas duas movimentações financeiras envolvendo o nome de Eduardo Cunha"

Cunha: na base de dados da Beacon Hill Service Corp "foram identificadas duas movimentações financeiras envolvendo o nome de Eduardo Cunha"

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de outubro de 2016 às 21h09.

São Paulo e Brasília - O Ministério Público Federal anexou ao pedido de prisão do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) um relatório de análise de "transferências financeiras identificadas nas bases de dados do chamado Caso Banestado" no qual expõe movimentações financeiras com as digitais de Cunha na famosa e explosiva conta Beacon Hill.

Hospedada no banco JP Morgan Chase, de Nova York, a Beacon era uma conta-ônibus utilizada por dezenas de doleiros brasileiros no final dos anos 90 e início do ano 2000 e que foi alvo da Força Tarefa CC5.

À época do Caso Banestado, a análise da Beacon Hill deu origem a operação Farol da Colina, sob a tutela do mesmo juiz Sérgio Moro que hoje autorizou a prisão de Eduardo Cunha, que prendeu dezenas de doleiros e operadores de câmbio.

Na Farol da Colina, segundo dados divulgados à época, foi mapeada a movimentação de cerca de US$ 13 bilhões pela Beacon Hill cuja origem era o Brasil, entre 1999 e 2002.

Segundo o relatório do MPF anexado no pedido de prisão de Cunha, na base de dados da instituição financeira Beacon Hill Service Corp de Nova Iorque "foram identificadas (duas) movimentações financeiras envolvendo o nome de Eduardo Cosentino da Cunha, sendo uma no dia 28/9/2000 e a outra no dia 13/9/2001, ambas no valor de US$ 11.509,07".

De acordo com o MPF, as duas operações financeiras encontradas referem-se a pagamentos feitos no exterior, cada uma no valor de US$ 11.509,07 dólares cujos valores saíram da conta denominada Eleven, mantida por doleiros brasileiros na instituição financeira Beacon Hill, em Nova York, e foram creditados em favor da conta nº 40759732 no Citbank de Nova York, cujo titular é American Life Insurance Co.

Nas duas transferência, ainda segundo o MPF, "no campo de detalhes do pagamento, há menção ao nome Eduardo Cosentino da Cunha referindo-se como o nome do segurado (insured), indicado que o pagamento do doleiro em favor da seguradora American Life Insurance Co foi realizado em benefício de Eduardo Cunha. Em ambas as transações financeiras aparece junto ao nome de Eduardo Cunha a palavra policy (política) e o número 9902465".

"No curso das investigações do chamado "Caso Banestado", apurou-se que a sub-conta Beacon Hill número 3-10057, foi aberta em 06.04.1997 e pertence a Eleven Finance Corporation, uma offshore constituída em 02.01.1997 mas Ilhas Virgens Britânicas, endereço Cutlass, Wickhams, Road Town, Tortola. Conforme dossiê e cartão de autógrafos, a pessoa autorizada a movimentar a conta Eleven era Oscar Frederico Jagger, doleiro domiciliado no Rio de Janeiro. De acordo com a base de dados da beacon hill, a sub-conta Eleven movimentou US$ 221.846.765,38 dólares a débito e US$ 128.535.045,29 dólares a crédito no período de 07/10/1997 a 31/12/2002", completa o relatório.

Cunha divulgou nesta quarta-feira a seguinte nota oficial

"Tendo em vista o mandado de prisão preventiva decretado hoje pela 13 vara federal do Paraná, tenho a declarar o que se segue:

Trata-se de uma decisão absurda, sem nenhuma motivação e utilizando-se dos argumentos de uma ação cautelar extinta pelo Supremo Tribunal Federal.

A referida ação cautelar do supremo, que pedia minha prisão preventiva, foi extinta e o juiz, nos fundamentos da decretação de prisão, utiliza os fundamentos dessa ação cautelar, bem como de fatos atinentes à outros inquéritos que não estão sob sua jurisdição, não sendo ele juiz competente para deliberar.

Meus advogados tomarão as medidas cabíveis para enfrentar essa absurda decisão."

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