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Contadora liga doleiro Youssef ao governo do Maranhão

Youssef negociou diretamente pagamento de propinas para que governo maranhense antecipasse pagamento que beneficiava as construtoras UTC e Constran


	Roseana Sarney: ela diz não conhecer envolvidos na acusação e expressou "repúdio pela maneira desrespeitosa e infame de tal hipótese"
 (Governo do Maranhão/Divulgação)

Roseana Sarney: ela diz não conhecer envolvidos na acusação e expressou "repúdio pela maneira desrespeitosa e infame de tal hipótese" (Governo do Maranhão/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 13 de agosto de 2014 às 16h00.

São Paulo - Em depoimento à Polícia Federal, a contadora Meire Bonfim da Silva Poza, suspeita de envolvimento no esquema desbaratado pela operação Lava Jato, ligou o doleiro Alberto Youssef, figura central das investigações, ao governo do Maranhão.

Segundo ela, Youssef negociou diretamente, a mando das construtoras UTC e Constran, o pagamento de R$ 6 milhões em propinas para que o governo maranhense antecipasse o pagamento de um precatório de R$ 120 milhões que beneficiava as empresas.

O precatório foi fruto de um contrato na metade da década de 1980 para serviços de terraplanagem e pavimentação da BR-230. Era o quinto na ordem de liberação, mas de acordo com o depoimento da contadora, após o pagamento da propina a construtora "furou a fila" e o pagamento foi liberado parceladamente. O valor se refere a 15% cobrado pelo doleiro.

Questionada sobre quais pessoas estariam envolvidas, a contadora apontou um funcionário da Casa Civil, identificado como João Guilherme, a presidente do Instituto de Previdência do Maranhão, Maria da Graça Cutrim, o diretor financeiro do instituto, um assessor identificado pelo nome de Bringel, e uma procuradora do estado.

A contadora afirma que se reuniu com um funcionário do governo do Maranhão, Adarico Negromonte, irmão do deputado Mário Negromonte (PP/BA), para entregar R$ 300 mil que "seriam parte do acordo".

Ela declarou que o assessor lhe disse que teria que consultar a governadora porque o valor "era pouco".

"A respeito da referência feita em depoimento à Polícia Federal da sra. Meire Poza, sobre a afirmação do senhor Adarico Negromonte, pessoa a quem não conheço, só pode receber de minha parte indignação e repúdio pela maneira desrespeitosa e infame de tal hipótese", declarou Roseana, em nota.

Segundo o texto, trata-se de uma ação de indenização proposta por uma empreiteira contra o estado julgada procedente pela Justiça do Maranhão em tribunais superiores.

"O governo do estado cumpriu o decidido pela Justiça transitado em julgado de acordo com a lei, sem nenhum favorecimento."

Segundo o governo, pagar a empresa de forma parcelada permitiu alongar o perfil da dívida do Estado, tratando-se do primeiro precatório da fila fornecida pelo Tribunal de Justiça do Maranhão.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Sobre a matéria da Agência Estado, o Governo do Maranhão divulgou a seguinte nota:

"O Governo do Estado do Maranhão esclarece que não houve favorecimento no pagamento da ação de indenização proposta pela Constran, há mais de 25 anos, contra o Estado do Maranhão.

Foi realizado acordo judicial, com acompanhamento do Ministério Público, para negociação dessa ação, que trouxe uma economia de R$ 28,9 milhões aos cofres públicos.

O Governo reafirma que os pagamentos dos precatórios do Estado seguiram a ordem cronológica, conforme comprovam os alvarás do Tribunal de Justiça de números: 462/2013 (pagamento feito à Total Distribuidora LTDA, em 21 de agosto de 2013); 465/2013 (pagamento feito a José Guilhermo Ordonez, em 21 de agosto de 2013); 463/2013 (pagamento feito à Alcântara Locadora de Veículos LTDA, em 21 de agosto de 2013).

Vale ressaltar que o precatório referente ao Banco Banespa, que era o primeiro da lista, foi objeto de ação rescisória ajuizada pelo Ministério Público do Estado do Maranhão, em 14 de maio de 2013. Esses eram os precatórios que precediam a Constran. 

Portanto, as acusações feitas não têm fundamento. O Governo do Maranhão apenas cumpriu uma decisão judicial, sem qualquer irregularidade, com anuência do Ministério Público e do Poder Judiciário."

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