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Conselheiro da Petrobras diz que Pasadena é gota no oceano

Segundo Mauro Cunha, compra da refinaria é uma "gota no oceano" considerando os problemas de gestão da estatal


	Refinaria da Petrobras em Pasadena: segundo Cunha, os problemas de gestão estão prejudicando a Petrobras desde a sua capitalização, em 2010 (Agência Petrobras / Divulgação)

Refinaria da Petrobras em Pasadena: segundo Cunha, os problemas de gestão estão prejudicando a Petrobras desde a sua capitalização, em 2010 (Agência Petrobras / Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2014 às 20h12.

São Paulo - A polêmica compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras é uma "gota no oceano" considerando os problemas de gestão da empresa, segundo um conselheiro da estatal que representa os acionistas minoritários.

"Estamos perdendo muito tempo com o caso Pasadena. Tem as questões políticas e tal, mas Pasadena é uma gota no oceano em relação ao que está acontecendo com a companhia", disse o conselheiro Mauro Cunha a jornalistas nesta terça-feira, após ser questionado sobre o assunto em um evento em São Paulo.

Posteriormente, em nota, Cunha disse à Reuters que referiu-se à perda de valor das ações da Petrobras "por decisões tais como a capitalização de 2010". Desde então, as ações da companhia chegaram a acumular desvalorização de 73 por cento.

Procurada, a assessoria de imprensa da Petrobras informou que a empresa não vai comentar o assunto.

A compra da refinaria localizada no Texas, envolvida numa controvérsia sobre os valores desembolsados pela Petrobras, motivou pedido da instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

O movimento para a instalação da CPI se intensificou após Dilma Rousseff, presidente do Conselho da estatal na época do negócio, ter dito em março que o aval para a compra da refinaria foi dado com base num documento "técnica e juridicamente falho".

Segundo nota da Presidência da República, o resumo executivo preparado pela diretoria da Área Internacional na época "omitia" informações como a cláusula "put option", que levou a Petrobras a pagar valores muito maiores pela refinaria do que os 360 milhões de dólares desembolsados inicialmente por 50 por cento da unidade.

Ao final, a estatal pagou 1,25 bilhão de dólares por Pasadena e ainda teve de fazer investimentos de 685 milhões de dólares em melhorias operacionais, manutenção, paradas programadas até 2013.

A declaração de Cunha, também presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), foi dada durante entrevista sobre uma decisão da Comissão de Valores Mobiliários sobre assembleia da telefônica Oi.

Jornalistas presentes no evento aproveitaram para fazer questões envolvendo a Petrobras.

Segundo Cunha, devido ao tamanho da Petrobras, um bilhão de dólares nem é considerado um "valor material", termo usado por contadores para qualificar quando um tema numa companhia deve ser alvo de maior escrutínio.

Em março, Cunha foi voto dissidente na aprovação, pelo Conselho de Administração da Petrobras, das demonstrações financeiras do exercício social de 2013.

Segundo nota da Petrobras na época, ele votou contrariamente à aprovação do balanço argumentando, entre outras coisas, que houve "falta de envio tempestivo das demonstrações para análise dos conselheiros", além de ter considerado que houve "insuficiência de informações e aparente inadequação da contabilização dos investimentos em refinarias".

Cunha também discordou quanto à política de "hedge accounting", prática contábil que a Petrobras passou a adotar em meados de maio de 2013, com o objetivo de reduzir impactos provocados por variações cambiais em seus resultados periódicos.

A ação da Petrobras fechou esta terça-feira com alta de 3,8 por cento, a 18,24 reais. O Ibovespa subiu 0,62 por cento.

Texto atualizado com mais informações às 20h12min do mesmo dia.

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