CPI do INSS: Alfredo Gaspar inicia a relatoria da CPI do INSS com foco na investigação das fraudes. (Geraldo Magela/Agência Senado)
Agência de notícias
Publicado em 27 de agosto de 2025 às 07h44.
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) voltada para investigar os desvios no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começou os trabalhos nesta terça-feira, com a definição do plano de trabalho e análise de requerimentos. O relator é o deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL), escolhido em contrariedade às indicações feitas pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o parlamentar está em seu primeiro mandato, e costuma dizer que é 'de direita com muito orgulho'.
Na manhã desta terça-feira, na primeira reunião como relator, Gaspar afirmou que seu trabalho não contará com uma "flecha apontada" para ninguém. De acordo com ele, embora cada parlamentar tenha preferências partidárias específicas, a relatoria da CPI não será pautada por interesses parciais.
"Sou de direita com muito orgulho. Tenho uma história limpa, decente e de trabalho pela justiça. Tenho minhas preferências políticas, como os senhores e as senhoras as têm. Aqui não existe ninguém imparcial no âmbito político, vamos deixar isso bem claro. O que nós vamos medir é se nossas preferências políticas e divergências ideológicas irão atrapalhar o que realmente interessa: a busca da verdade diante dos fatos e documentos", frisou Gaspar.
O deputado apresentou um plano de trabalho que prevê investigar fraudes desde 2015, período em que o país era comandado pela ex-presidente Dilma Rousseff. Apesar de protestos da base do governo, o documento foi aprovado. O relator defendeu a proposição alegando que "não tem partidário aqui (na CPI), todos serão investigados".
Em um acordo construído com a oposição após a proposta de Gaspar, governistas firmaram um pacto para que Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seja protegido de uma eventual convocação. Além disso, também houve um acerto que só vai permitir a votação de requerimentos em bloco em caso de convergência entre base e oposição.
Gaspar possui um histórico de ataques diretos ao governo em temas de alto impacto social. Criticou cortes no Bolsa Família e responsabilizou a gestão petista pela escalada da inflação, chamando o governo de “irresponsável” e “contraditório com os mais pobres”. Também votou contra o aumento do IOF e o reajuste da conta de luz, dizendo atuar em defesa “do bolso do cidadão”.
Apesar de declarar que sua atuação na relatoria da CPI será pautada por "uma investigação técnica, transparente" e focada no "povo brasileiro", ele também já fez publicações atribuindo ao PT as fraudes que ocasionaram os desvios nos recursos das aposentadorias.
"Essa comissão é necessária para investigar o roubo praticado nas contas de aposentados e pensionistas. O governo do PT foi o grande responsável por desviar mais de R$ 6 bi, e isso é crime de proporções gigantescas", escreveu, na semana passada, em uma de suas redes sociais.
Antes de atuar na política, Gaspar, que possui 55 anos, fez carreira no Judiciário. Ele se formou em direito em 1993, além de obter pós-graduação em direito público no ano de 1999 e ter trabalhado como professor universitário por mais de 10 anos. Em 1996, o parlamentar ingressou no Ministério Público de Alagoas (MP-AL), onde atuou por 24 anos.
No MP-AL, ele atuou nas promotorias das cidades de Maravilha e Palmeira dos Índios, até chegar a 48ª Promotoria de Justiça da capital Maceió. Em 2016, ele foi eleito procurador-geral de Justiça do estado, reeleito por dois biênios, e saiu do cargo somente em 2020, quando pediu exoneração do órgão para se dedicar à vida política.
Em 2022, Gaspar recebeu 102.039 votos para ser eleito deputado federal pela primeira vez. Ele foi o segundo mais votado do estado de Alagoas, atrás apenas de Arthur Lira (PP). Pouco antes, em 2020, o político já havia sido candidato à Prefeitura de Maceió (AL).
No pleito municipal, o parlamentar concorreu contra JHC, candidato pelo partido PSB. Gaspar perdeu a disputa no segundo turno, alcançando 156.704 votos (41,36%). Seu rival — que já chegou a ser, por duas vezes consecutivas, o deputado federal mais votado de Alagoas — conquistou 222.147 (58,64%).