Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 27 de novembro de 2025 às 06h00.
O Congresso Nacional se reúne nesta quinta-feira, 26, para analisar os vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Lei Geral do Licenciamento Ambiental (VET 29/2025).
A análise estava marcada inicialmente para o dia 16 de outubro, mas foi adiada após articulação do governo para que ocorresse antes da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP30, em Belém.
Com o rompimento do presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União), com o líder do governo, Jaques Wagner (PT), por conta da indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF), é próvavel que os parlamantares imponham essa derrota para a gestão petista.
Para ser derrubado, um veto presidencial precisa do apoio de ao menos 257 dos 513 deputados e 41 dos 81 senadores.
Lula vetou 63 dos quase 400 dispositivos da proposta, editou uma Medida Provisória que garante Licenças Ambientais Especiais (LAE) e enviou um novo Projeto de Lei ao Congresso, mantendo algumas inovações do texto original com ajustes que visam maior segurança jurídica.
Na época, a medida buscava equilibrar as pressões de ambientalistas, que pediam veto total ao que chamavam de "PL da devastação", e da bancada ruralista, que defendia o texto como forma de desburocratizar processos ambientais.
O petista vetou alterações na Lei da Mata Atlântica que facilitariam a supressão de vegetação. Uma alteração inserida no texto, chamada pelos ambientalistas de "jabuti" (dispositivo estranho ao tema principal), permitiria que áreas de mata primária e secundária fossem desmatadas sem análise prévia dos órgãos competentes.
Foi retirado da lei também a limitação da consulta a órgãos responsáveis por terras indígenas e quilombolas apenas para territórios já demarcados.
Lula vetou a ampliação da LAC para empreendimentos de médio potencial poluidor. O texto original permitiria que projetos como a barragem de Brumadinho fossem licenciados por autodeclaração, sem análise técnica rigorosa.
O planalto vetou a criação da LAE no formato original, especialmente o licenciamento "monofásico". O formato original exigiria antecipação de despesas relevantes antes da comprovação de viabilidade ambiental, gerando "insegurança jurídica passível de judicialização".
Foram derrubados dispositivos que davam ampla autonomia a estados e municípios para definir quais atividades precisariam de licenciamento. A descentralização excessiva poderia criar uma "competição antiambiental" entre entes federativos, onde a flexibilização de regras se tornaria moeda de troca para atrair investimentos.
Foi vetada também a retirada do caráter vinculante das manifestações dos órgãos gestores de UCs.
Lula barrou o dispositivo que permitia a limitação de condicionantes ambientais apenas para impactos diretos. A avaliação é que a medida reduziria significativamente a capacidade de mitigar danos ambientais ao excluir impactos indiretos dos empreendimentos.
Lula vetou a dispensa de licenciamento para proprietários rurais com CAR pendente de análise.
O governo vetou o trecho que enfraquecia a responsabilidade de bancos em casos de danos ambientais.
Em meio à expectativa para votação dos vetos, o governo publicou na quarta-feira um decreto que abre caminho para a Licença Ambiental Especial (LAE). Essa licença será usada para autorizar obras consideradas estratégicas, mesmo que envolvam “significativa degradação do meio ambiente”. O Planalto editou uma Medida Provisória sobre o tema em agosto, após o veto a alguns dispositivos da lei de licenciamento ambiental.
A medida garante o prazo máximo de 12 meses para análise e conclusão do processo de licenciamento, contados a partir da entrega do estudo ambiental e demais documentos.