Brasil

Congresso começa sessão que pode derrubar veto de Dilma

As bancadas que representam os Estados produtores de petróleo e os não produtores se confrontarão na sessão, que havia sido adiada duas vezes

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de março de 2013 às 20h32.

Brasília - O Congresso Nacional começou a avaliar nesta quarta-feira o veto da presidente Dilma Rousseff à lei que estabelece novas regras para a distribuição dos royalties cobrados na exploração de petróleo, depois da votação ter sido adiada por duas vezes, em uma sessão que deve gerar grandes embates e avançar pela madrugada.

A mudança na distribuição dos royalties coloca em lados opostos as bancadas dos Estados produtores (Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo), que atualmente ficam com a maior parte dos royalties, e dos Estados não produtores, que recebem uma parcela pequena dessa receita.

Como os parlamentares dos Estados não produtores têm ampla maioria de votos na Câmara e no Senado, a derrubada do veto presidencial é dada como certa. Mas os congressistas dos Estados produtores prometem usar de todas as manobras regimentais possíveis para prolongar os debates.

A polêmica sobre a divisão dos royalties do petróleo começou quando o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu criar um novo marco regulatório para a exploração do óleo no país, determinando que os campos do pré-sal seriam licitados pelo regime de partilha e não mais por concessão.

Os parlamentares dos Estados não produtores viram na mudança uma oportunidade de fazer uma nova divisão dos royalties entre Estados e municípios, sem qualquer privilégio para os Estados produtores, mexendo inclusive nos contratos já em vigor. Aprovada pelo Congresso, essa nova divisão foi vetada pelo ex-presidente Lula em 2010.

No governo Dilma, os parlamentares dos Estados não produtores voltaram à carga e aprovaram mais uma vez uma nova divisão dos royalties no ano passado, e a presidente vetou alterações na distribuição dos contratos já em vigor. É esse veto que está em análise agora pelo Congresso.


O Congresso chegou a se mobilizar no ano passado para analisar o veto da presidente, mas não houve decisão devido a um pedido de liminar do deputado federal Alessandro Molon (PT-RJ) apresentado no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o veto não fosse apreciado em regime de urgência.

O ministro Luiz Fux concedeu a liminar sob justificativa que o Parlamento deveria analisar em ordem cronológica os mais de 3.000 vetos que aguardam apreciação. A decisão foi revista este ano pelo plenário do STF, abrindo caminho para Congresso decidir sobre o veto.

O impasse em torno dos vetos a uma nova fórmula de distribuição dos royalties também tem atrasado a votação do Orçamento deste ano, que deveria ter sido analisado no ano passado, mas até agora não foi votado no Congresso.

Na terça-feira, o Congresso mais uma vez tentou apreciar os vetos, mas a sessão foi adiada para esta quarta, após o Executivo retificar, em edição extra do Diário Oficial, a mensagem de veto enviada originalmente ao Legislativo em novembro.

Parlamentares de Estados produtores ameaçaram entrar no STF caso os vetos fossem analisados na terça, apesar da retificação, o que levou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a decidir pelo adiamento.

MOBILIZAÇÃO

A polêmica em torno do veto motivou uma grande mobilização política nesta quarta, mas o resultado da votação somente deverá ser conhecido na quinta-feira, segundo técnicos da mesa diretora do Congresso.


A votação será feita em cédulas de papel, e a apuração manual deve levar, na estimativa de técnicos, mais de seis horas. A demora se deve ao fato de o veto de Dilma envolver mais de 100 dispositivos da lei, exigindo que os parlamentares votem sobre cada um deles.

Mesmo que o veto seja derrubado, a polêmica deve continuar sendo alimentada no Poder Judiciário. Já há promessa dos governos do Rio de Janeiro e do Espírito Santo de ingressar com ações diretas de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir a aplicação da nova fórmula.

Segundo cálculos do governo fluminense, a arrecadação estadual poderia ser comprometida em 3,1 bilhões de reais por ano com a nova fórmula.

Acompanhe tudo sobre:CongressoEnergiaPetróleoRoyalties

Mais de Brasil

INSS recebe 1,84 milhão de pedidos de devolução de descontos em uma semana

Marina Silva diz ter 'total discordância' com propostas que flexibilizam regras ambientais

Senador petista diz que 'não cogita' retirar apoio à CPI do INSS: 'Consciência muito tranquila'

Alcolumbre confirma sessão do Congresso e leitura de requerimento para instalação da CPI do INSS