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Confrontos no Rio matam 13, incluindo dois integrantes do Exército

Cidade viveu ontem um dia violento, com duas ações policiais na região metropolitana que resultaram em confrontos e pânico

Rio: megaoperação nos complexos de favelas de Alemão, Maré e Penha, na zona norte, contou com mais de 4 mil homens (Ricardo Moraes/Reuters)

Rio: megaoperação nos complexos de favelas de Alemão, Maré e Penha, na zona norte, contou com mais de 4 mil homens (Ricardo Moraes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de agosto de 2018 às 09h26.

Última atualização em 21 de agosto de 2018 às 09h27.

Rio - Treze mortos - incluindo dois integrantes do Exército -, moradores feitos reféns, civis em meio ao fogo cruzado, um ônibus incendiado, tiroteios. O Rio viveu ontem um dia violento, com duas ações policiais na região metropolitana que resultaram em confrontos e pânico.

Uma delas foi uma megaoperação nos complexos de favelas de Alemão, Maré e Penha, na zona norte, com mais de 4 mil homens e marcada pelas mortes de cinco suspeitos e dos dois militares. Foram os primeiros integrantes das Forças Armadas assassinados em confrontos desde o início da intervenção federal, em fevereiro. A cerca de 20 quilômetros dali, em Niterói, outros seis homens foram mortos por policiais, após perseguição.

Os militares mortos na capital eram o cabo Fabiano de Oliveira Santos e o soldado João Viktor da Silva. Segundo o Comando Militar do Leste (CML), o cabo foi atingido no ombro e morreu a caminho do hospital, após confronto no Alemão. Na favela, o soldado Marcus Vinícius Ribeiro, também levou um tiro, na perna, e está bem.

Já o praça João Viktor da Silva era do 25.º Batalhão de Infantaria Paraquedista e foi atingido por um disparo na cabeça, por volta das 17h40, no Complexo da Penha.

"As informações preliminares dão conta de que criminosos, suspeitos, atiraram contra as forças de segurança", disse o coronel Carlos Frederico Cinelli, chefe de Comunicação do Comando Militar do Leste (CML), sobre os feridos no Alemão. Um inquérito policial-militar foi instaurado para investigar o caso.

Trinta e seis homens foram presos na operação nos três complexos de favelas - que englobam 26 comunidades -, iniciada ainda de madrugada. Cercados, bandidos ainda fizeram seis pessoas de uma mesma família reféns, no Complexo da Penha. Foram liberadas após intervenção do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM.

Um grupo de criminosos também ateou fogo a um ônibus na Linha Amarela, na mesma região. Segundo Cinelli, os traficantes ordenaram que veículos fossem incendiados para atrapalhar e atrasar as forças de segurança.

Pela manhã, imagens que circularam nas redes sociais mostraram alunos de uma escola da região abaixados em sala de aula durante um tiroteio, para se proteger de disparos. Alguns colégios nem abriram. "Não havia a possibilidade de dar aviso prévio (às escolas) porque senão estaríamos comprometendo o sigilo da operação, mas cuidados foram tomados para evitar efeitos colaterais", afirmou Cinelli.

Além das 36 prisões, a operação nos três complexos de favelas resultou na apreensão de armamentos (24 no total) e pelo menos 430 quilos de drogas. Ao todo, 4,2 mil homens das Forças Armadas, além de policiais civis e militares, participaram da ação. As comunidades seguirão ocupadas pelos próximos dias.

Moradores das comunidades relataram em redes sociais supostas invasões de residências, militares que estariam revistando mulheres, inspeção arbitrária em celulares (com o intuito de descobrir possíveis informantes dos traficantes) e abordagens ofensivas. Muitos tiveram dificuldade para sair de casa para trabalhar, com os tiroteios, e tiveram de rastejar dentro de suas casas, para se proteger de balas perdidas.

Procurado pelo jornal "O Estado de S. Paulo", o Gabinete de Intervenção não comentou as denúncias. O cabo e o paraquedista foram, respectivamente, o segundo e o terceiro militares mortos desde o início da intervenção federal na segurança pública no Rio. O primeiro óbito, segundo informações oficiais, foi um motociclista militar, que morreu em acidente durante escolta de um comboio de uma operação desencadeada em 7 de junho.

Niterói

Na outra ação, seis suspeitos foram mortos por policiais militares em Niterói. Eles estavam em dois veículos que começaram a ser monitorados - seus ocupantes teriam saído de um baile que acabou de manhã e foram seguidos por PMs.

Em um dos acessos à Ponte Rio-Niterói, pela Alameda São Boaventura, o grupo foi cercado e houve tiroteio. Um ônibus com 38 pessoas, que estava próximo, ficou na linha de tiro (suspeitos saíram dos carros e o usaram para se abrigar) e chegou a ter vidros e a lataria atingidos por disparos.

Os passageiros, em pânico, tentaram se proteger das balas, agachados. Uma passageira e um PM ficaram feridos, sem gravidade. Quatro homens morreram no local, outros dois mais tarde. Três suspeitos foram presos. A polícia apreendeu no local pelo menos quatro armas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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