Brasil

Confronto com a polícia mata ao menos 2 sem-terra no Paraná

Em nota divulgada, a PM (Polícia Militar) informou que o confronto resultou em dois mortos e seis trabalhadores rurais sem-terra feridos,


	MST: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra fala em pelo menos 22 feridos e nove vítimas fatais
 (Agência Brasil)

MST: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra fala em pelo menos 22 feridos e nove vítimas fatais (Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de abril de 2016 às 20h27.

Cascavel - Pelo menos dois sem-terra morreram e seis ficaram feridos a bala durante um confronto entre policiais militares e integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), na tarde desta quinta-feira, 7, em uma área chamada Fazendinha, em Quedas do Iguaçu, região Centro-Oeste do Paraná.

As informações sobre o número exato de mortos e feridos ainda são desencontradas. Mas, em nota divulgada, a PM (Polícia Militar) informou que o confronto resultou em dois mortos e seis trabalhadores rurais sem-terra feridos, enquanto o MST fala em pelo menos 22 feridos e nove vítimas fatais.

De acordo com a PM de Quedas do Iguaçu, o confronto teve início no meio da tarde, quando integrantes do MST atearam fogo numa área de reserva ambiental e bloquearam uma estrada rural que dá acesso ao local chamado Fazendinha.

A PM informou que equipes da Rotam (Rondas Ostensivas Tático Móvel) e uma brigada de incêndio da empresa Araupel foram até o local para combater as chamas e desbloquear a estrada. De acordo ainda com a PM, cerca de 20 sem-terra estavam no local e teriam reagido a ação.

Emboscada

Em nota divulgada pelo Governo Estadual, os policiais teriam sido alvo de uma emboscada. Durante o confronto, dois sem-terra morreram e seis ficaram feridos. Com eles, a polícia diz ter apreendido uma pistola 9 milímetros e uma espingarda calibre 12.

O restante do grupo teria se embrenhado na mata. A PM enviou equipes para o local para resgatar as vítimas, incluindo um helicóptero para remover os feridos até Cascavel.

A PM enviou reforço para a região. A Polícia Civil já abriu um inquérito para apurar os fatos.

O comando da PM em Cascavel, que fica distante 140 quilômetros de Quedas do Iguaçu, informou que local do confronto fica a 25 quilômetros da cidade.

"Os policias que foram averiguar a ocorrência ainda estão na área, a qual não possui sinal de celular e nem rádio",afirmou o tenente Tavares.

Em nota, o comando nacional do MST informou que não se sabe o número exato de mortos e feridos, "pois a Polícia Militar estaria impedindo a aproximação de integrantes do Movimento no local".

Porém, integrantes do movimento na região falam em nove vítimas.

O dirigente nacional do MST, Gilmar Mauro, contestou a versão da Polícia Militar de que militantes teriam preparado uma emboscada para um grupo de policiais na área ocupada da empresa Araupel.

De acordo com Mauro, ocorreu exatamente o contrário. "As informações que temos de lá dão conta de que a Polícia Militar, junto com pistoleiros da Araupel, emboscou e atacou os sem-terra."

Segundo Mauro, dirigentes do MST foram impedidos pela PM de chegar ao local do conflito.

"Vamos aguardar a apuração, mas essas mortes preocupam muito, pois estão em consonância com outras ações contra o movimento. Estamos no mês do massacre de Eldorado dos Carajás (a morte, pela Polícia Militar, de 19 sem-terra na cidade do Pará, em 1996) e estão ocorrendo outras ações semelhantes, como o ataque a um acampamento nosso por pistoleiros em Rondônia e o assassinato, esta manhã, de um sem-terra na Paraíba."

Ele disse que o MST vai se posicionar oficialmente assim que tiver mais informações sobre o caso.

Desde o massacre no Pará, em 1996, o MST se mobiliza anualmente no movimento "Abril Vermelho".

Histórico

O confronto entre policiais e integrantes do MST ocorreu próximo de uma área pertencente a empresa Araupel. O movimento mantém no local 2500 famílias, cerca de 7 mil pessoas.

A empresa vem sofrendo uma pressão dos sem-terra desde a primeira ocupação de terra em 1996 (Pinhal Ralo). Desde então, boa parte da fazenda foi desapropriada para a reforma agrária.

Em julho de 2014, a fazenda de reflorestamento da empresa foi invadida por centenas de sem-terra. Desde então, o clima é tenso na região.

A Araupel estima perdas de aproximadamente R$ 35 milhões com as invasões do MST.

Acompanhe tudo sobre:MortesMST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem TerraParanáPolícia Militar

Mais de Brasil

Brasil pode ser líder em aço verde se transformar indústria com descarbonização, dizem pesquisadores

Cassinos físicos devem ser aprovados até 2026 e temos tecnologia pronta, diz CEO da Pay4fun

Com aval de Bolsonaro, eleição em 2026 entre Lula e Tarcísio seria espetacular, diz Maia

Após ordem de Moraes, Anatel informa que operadoras bloquearam acesso ao Rumble no Brasil