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Concessão do Maracanã fica ameaçada com fim de demolições

Governador Sérgio Cabral desistiu de demolir o Parque Aquático Julio Delamare e o estádio de atletismo Célio de Barros, que fazem parte do complexo


	Trabalhador nas obras de reconstrução do estádio do Maracanã: com a mudança, o consórcio terá um prazo de 20 dias para analisar a situação e a viabilidade do plano de negócios
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Trabalhador nas obras de reconstrução do estádio do Maracanã: com a mudança, o consórcio terá um prazo de 20 dias para analisar a situação e a viabilidade do plano de negócios (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 2 de agosto de 2013 às 17h59.

Rio de Janeiro - A administração do Maracanã pelo consórcio privado formado por Odebrecht, IMX, do empresário Eike Batista, e a norte-americana AEG está ameaçada, depois de mudanças anunciadas nesta semana pelo governo do Rio de Janeiro.

O governador Sérgio Cabral (PMDB) desistiu de demolir o Parque Aquático Julio Delamare e o estádio de atletismo Célio de Barros, que fazem parte do complexo do Maracanã. Com a mudança, o Consórcio Maracanã terá um prazo de 20 dias para analisar a situação e a viabilidade do plano de negócios do complexo esportivo.

"Ficou mais complicado porque se abre uma brecha jurídica importante", disse um fonte do governo do Estado nesta sexta-feira.

Outra fonte do município acrescentou: "esta ameaça (de rompimento) realmente existe".

Pelo edital de licitação, o consórcio vencedor deveria derrubar os dois parques esportivos, mas teria que fazer investimentos para reativá-los em um outro ponto da cidade. No caso do parque aquático, o investimento para um novo equipamento estava orçado em cerca de 30 milhões de reais.

No local onde estão o parque aquático e o estádio de atletismo, o consórcio vencedor pretendia construir centros comerciais e estacionamento, que fariam parte da arrecadação do grupo. Pela decisão desta semana, o governo do Estado assumiria a administração dos dois centros esportivos.

"O consórcio não esperava não contar com essas áreas que estavam destinadas a lojas e estacionamento", disse à Reuters um porta voz do consórcio.


João Borba, responsável pelo Consórcio Maracanã, declarou: "Vamos refazer os estudos técnicos e financeiros para avaliar a nova situação. Precisamos de tempo para dar uma resposta." O consórcio assumiu o compromisso de pagar um total de 181,5 milhões de reais em 33 parcelas pela concessão e teria de realizar obras de quase 600 milhões de reais no complexo do Maracanã.

Sem Briga

Em entrevista nesta sexta-feira para anunciar a manutenção do estádio Célio de Barros, Cabral admitiu que a concessão está em suspenso. "Vou aguardar resposta do consórcio Maracanã. Se não for viável (eles ficarem), não tenho o que fazer. Não posso brigar", disse.

"Recebemos manifestações da Justiça do Estado e do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) solicitando a paralisação da demolição do Estádio Célio de Barros. Além disso, atletas, federações esportivas e a sociedade civil apelaram pela permanência do equipamento", acrescentou.

Os recuos do governador acontecem em meio a uma crise de impopularidade. Pesquisa CNI/Ibope da semana passada apontou que o governador do Rio tem a menor avaliação positiva (12 por cento) entre 11 governadores que administram os Estados que representam 90 por cento do Produto Interno Bruto industrial do país.

Manifestações populares ocorrem na cidade desde junho e têm Cabral como principal alvo. Vários protestos terminaram na porta da residência particular do governador, no bairro do Leblon, e frequentemente há grupos acampados no local.

A licitação do Maracanã foi alvo de protestos de movimentos contra a concessão e ações do Ministério Público. A desapropriação do Museu do Índio, ao lado do Maracanã, também foi confusa e marcada por confrontos entre manifestantes e policiais.

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