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Como foi a entrevista de Fernando Haddad no Roda Viva

"Bolsonaro não tem cultura democrática, isso esta provado em centenas de vídeos", disse, e afirmou que adversário nunca administrou "nem um boteco"

Fernando Haddad no Roda Viva em 22/10/2018 (TVCultura/Reprodução)

Fernando Haddad no Roda Viva em 22/10/2018 (TVCultura/Reprodução)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 22 de outubro de 2018 às 23h52.

Última atualização em 23 de outubro de 2018 às 01h09.

São Paulo - Economia, democracia e críticas ao adversário dominaram a entrevista de Fernando Haddad, candidato à Presidência pelo PT, no programa Roda Viva desta segunda-feira (22) na TV Cultura.

Logo de início, perguntado sobre se colocar na campanha como única opção democrática, ele disse que Jair Bolsonaro (PSL) "cultua a tortura" e tem como herói o torturador "mais bárbaro" da ditadura militar.

Foi uma referência ao Coronel Brilhante Ustra, a quem Bolsonaro dedicou seu voto no impeachment e que é reconhecido pela Justiça como torturador; depoimentos de vítimas foram exibidos em propaganda do PT que depois foi suspensa pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Haddad também criticou o discurso que seu adversário fez de forma remota a apoiadores que participavam de manifestação a seu favor na Avenida Paulista, em São Paulo,  neste domingo (21).

O líder nas pesquisas prometeu "varrer os vermelhos" do país e disse que “essa turma, se quiser ficar aqui, vai ter que se colocar sob a lei de todos nós. Ou vão para fora ou vão para a cadeia”. Para Haddad, ele está ameaçando opositores com "cadeia ou exílio".

O candidato petista também criticou as falas reveladas ontem de Eduardo Bolsonaro, filho do candidato, de que para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF) basta "um soldado e um cabo".

As declarações foram repudiadas por ministros do STF e pela OAB; o presidenciável disse que "advertiu o garoto" pela fala "absurda".

Para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a declaração "cheira a fascismo"; ele classificou como "inacreditável" o discurso de Bolsonaro na Paulista.

Haddad disse que FHC "não pode declarar" seu apoio a ele por "razões políticas" relativas ao próprio partido mas “tem manifestado um certo inconformismo” com as declarações de Bolsonaro.

"Todo mundo que lutou por democracia sabe dos riscos que o Brasil está correndo", disse Haddad. "Bolsonaro não tem cultura democrática, isso esta provado em centenas de vídeos".

O mediador do programa, Ricardo Lessa, notou que o convite para participação de Bolsonaro no programa foi feito e rejeitado várias vezes, mesmo com a alternativa oferecida de receber uma equipe em sua casa ou gravar sua participação remotamente.

Economia

Na entrevista, Haddad defendeu sua proposta de subsidiar o gás de cozinha alegando que "não tem sentido dar um subsidio de 13 a 15 bilhões de reais pro diesel e não dar de 4 bilhões pro gás" pois essa questão afeta as famílias mais pobres.

Ele avaliou que o tabelamento de frete já resolveu a questão do preço do combustível, que disparou a greve dos caminhoneiros.

Haddad também defendeu sua proposta de reforma bancária, que considera necessária para desenvolver o mercado de crédito no país na medida que a concentração não é tratada:

“Ou bem o BC transfere pro CADE [órgão de defesa da concorrência] a questão da concentração bancária ou o BC apresenta uma reforma bancária".

Ele descartou qualquer semelhança com a experiência do governo Dilma na área: "O que foi feito foi usar os bancos públicos para reduzir artificialmente o spread e isso eu não estou propondo".

Ele disse que não tem estatais no seu radar para serem vendidas e perguntado sobre movimentações do mercado financeiro que indicam preferência pelo candidato do PSL, ele culpou a especulação.

PT e Lula

Perguntado sobre até que ponto o favoritismo de Bolsonaro era resultado também do desgaste do seu partido, ele disse que o antipetismo sempre existiu mas que hoje a rejeição é "um pouco maior em função de tudo que aconteceu de 2014 pra cá”.

Sobre a autocrítica do partido, ele disse que "temos que assumir que houve problemas" e notou que fez "críticas públicas à questão da Petrobras", notando que os mecanismos de controle dos ministérios "não foram replicados nas estatais".

Perguntado se houve crimes de membros do partido, ele disse que "houve, na minha opinião, provavelmente sim" mas que enquanto houver recurso, a pessoa não deve ser considerada culpada.

Sobre um possível indulto ao ex-presidente Lula, preso em Curitiba, ele reclamou que "é a décima vez que eu respondo" e completou que "o que o presidente Lula quer é um julgamento justo".

No final, o apresentador pediu para que Haddad nomeasse um ídolo e ele inicialmente hesitou, dizendo que tinha mais de um, e acabou citando Juscelino Kubitschek, presidente entre 1956 e 1961.

Ele também foi instado a citar uma música preferida (O Fim da História, de Gilberto Gil), um filme (Um Sonho de Liberdade), um livro (Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis), assim como uma frase: "Quem salva uma vida salva o mundo inteiro", que segundo ele está presente na Bíblia e no Torá, livro sagrado do judaísmo.

Veja a entrevista completa:

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