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Como cientista brasileira ajudou a mudar o rumo da covid-19 no mundo

Jaqueline Goes de Jesus, professora do Instituto de Medicina Tropical da USP, coordenou equipe brasileira que fez o sequenciamento genético o vírus da covid-19

Jaqueline Goes de Jesus: cientista brasileira (UM BRASIL/Divulgação)

Jaqueline Goes de Jesus: cientista brasileira (UM BRASIL/Divulgação)

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Publicado em 19 de abril de 2023 às 17h59.

Última atualização em 19 de abril de 2023 às 18h08.

O sequenciamento genético do genoma do vírus causador da covid-19, o Sars-CoV-2, no início de 2020 – realizado em cerca de 48 horas por uma equipe de cientistas brasileiros –, trouxe um marco para a saúde pública do país, auxiliando, inclusive, nos estudos internacionais para o desenvolvimento de vacinas. Longe de ser um improviso imediato, o trabalho exigiu anos de conhecimento específico e de financiamento público em ciência para tornar o feito possível.

“As 48 horas foram a ‘ponta do iceberg’ de toda uma estrutura que temos para gerar um sequenciamento em um período tão curto. Elas são o resultado de anos de aperfeiçoamento e do aprendizado da técnica [no exterior], de começar a utilizá-la e aprimorá-la e de voltar ao Brasil e ensiná-la a mais pessoas”, afirma Jaqueline Goes de Jesus, professora e biomédica do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT/USP), coordenadora da equipe que fez o sequenciamento que obteve 98% do genoma do vírus em dois dias após receber a primeira amostra.

Em entrevista ao Canal UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, a cientista explica que o trabalho envolveu anos de preparo, destacando que a obtenção de 98% do genoma em dois dias de trabalho foi uma conquista importante para a saúde pública brasileira.

“Não imaginávamos que isso teria uma repercussão significativa no mundo todo, pois esta primeira sequência e todas as outras que geramos nos meses seguintes acabaram sendo utilizadas para embasar estudos em vacinas”, lembra.

A sua trajetória com sequenciamento genético começou em 2016, durante a pandemia do zika vírus, período no qual a equipe de pesquisa que integrava fechou uma parceria com um grupo britânico desenvolvedor de uma técnica de análise do vírus ebola. Até 2020, foram quatro anos em que ela mudou o seu projeto de pesquisa, além de se aperfeiçoar e se especializar na tecnologia.

“O que mais me fez aprender a técnica foi poder trabalhar com ela no dia a dia e ensinar outras pessoas, ter voltado com a missão de passar o conhecimento, bem como o investimento que foi feito na minha carreira”, disse.

Corte em financiamento de pesquisas

Na entrevista, Jaqueline ainda explica que muitos pesquisadores brasileiros, até mesmo da USP, financiados pelo governo federal — e que já trabalhavam com o coronavírus — tiveram recursos de pesquisa cortados meses antes da deflagração da pandemia.

“Eles teriam tido um impacto muito significativo durante três a quatro meses, que foi o tempo entre o corte e a epidemia chegar até as populações mais emergentes. Nós perdemos este conhecimento de três meses. Quando se interrompe uma pesquisa, está se interrompendo uma linha de raciocínio que, para ser retomada, precisará de um tempo muito maior”, afirmou.

Veja a entrevista na íntegra

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