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Como a Marinha localizou vítimas de desabamento de ponte no Rio Tocantins com drones subaquáticos

O contra-almirante Coelho Rangel, coordenador das operações, explicou que os registros ajudaram os mergulhadores a ter noção da posição de cada veículo e dos corpos

O contra-almirante Coelho Rangel, coordenador das operações, explicou que os registros ajudaram os mergulhadores a ter noção da posição de cada veículo e dos corpos. (AFP Photo)

O contra-almirante Coelho Rangel, coordenador das operações, explicou que os registros ajudaram os mergulhadores a ter noção da posição de cada veículo e dos corpos. (AFP Photo)

Agência o Globo
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Publicado em 3 de janeiro de 2025 às 13h08.

Última atualização em 3 de janeiro de 2025 às 13h16.

Os 13 dias de buscas por vítimas do desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga o Tocantins ao Maranhão, pela BR-226, foram realizados pela Marinha do Brasil com auxílio de fotos da estrutura disponibilizadas por perícia e pela imprensa, mas principalmente por imagens geradas por drones subaquáticos.

O contra-almirante Coelho Rangel, coordenador das operações, explicou que os registros ajudaram os mergulhadores a ter noção da posição de cada veículo e dos corpos.

"Nós começamos a analisar as imagens que conseguimos e começamos a perceber que após a ponte colapsar em forma de V, ela poderia ter concentrado os veículos em uma posição. Identificamos também pelo vídeo a sequência dos veículos, isso nos ajudava a ter uma noção de como eles poderiam estar no fundo do rio. À medida que os mergulhadores iam mergulhando e nós íamos tendo a posição de cada veículo, começamos a entender o que poderia ter acontecido", afirma Coelho Rangel.

Os drones subaquáticos ajudaram a equipe a entender como estava a ponte e alguns veículos no fundo do rio. Isso orientava os mergulhadores sobre intensificar as buscas e chegar em determinados ponto de interesse.

"Após isso, nós pegávamos as imagens que o drone passou e revíamos essas imagens várias vezes, a fim de buscar alguma coisa que pudesse ter passado desapercebido", diz o contra-almirante.

Desde o início das operações de resgate, já foram confirmadas 12 mortes e cinco pessoas seguem desaparecidas. O desabamento da ponte, que ocorreu em 22 de dezembro, fez com que 10 veículos caíssem no trecho de 120 metros da estrutura, equivalente à altura de um prédio de 40 andares. Entre os veículos submersos, estavam quatro caminhões, três carros e três motocicletas.

Balsa sem funcionar

A balsa anunciada pelo governo do Tocantins para a travessia entre Tocantins e Maranhão ainda não começou a operar por falta de documentação que garanta a segurança da estrutura.

Em nota emitida na noite desta quinta-feira, 2, a Marinha do Brasil informou que "até o momento não recebeu os documentos necessários que comprovem a observância das obrigações". A promessa era que a balsa começasse a operar no último dia 31.

De acordo com a Marinha, algumas ações são necessárias antes de iniciar a operação da balsa, entre elas:

  • A construção de rampas de acesso em cada margem do rio Tocantins, para embarque e desembarque com segurança dos veículos que serão transportados, além da colocação de pontos fixos de amarração, em terra, para que o comboio balsa/empurrador permaneça estabilizado e bem amarrado à margem durante o carregamento/descarregamento;
  • Preparar um local adequado e próprio para o transporte dos motoristas e passageiros dos veículos transportados, uma vez que não poderão realizar a travessia dentro de seus automóveis por questões de segurança. A balsa deverá estar dotada de material de salvatagem compatível, em conformidade com o previsto em norma;
  • A balsa que será apresentada para o transporte deve estar com documentação regular junto à Autoridade Marítima, com a sua respectiva tripulação devidamente habilitada.

No último dia 31, a empresa de balsas Pipes Navegações, responsável pelas atividades no local, chegou a divulgar um cronograma de início do serviço, mas os trabalhos não começaram. Em nota, a Pipes disse que as chuvas atrapalharam os trabalhos e que faltava finalizar os acessos, por parte do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), e vistorias da embarcação pela Marinha do Brasil.

Após a fiscalização, a Marinha reforçou que, devido ao caráter emergencial da situação, dará prioridade à demanda. "Entretanto, a Autoridade Marítima não pode abdicar do estrito cumprimento das normas relativas à segurança da navegação, priorizando a salvaguarda da vida humana, com a finalidade de evitar novas ocorrências trágicas na região", concluiu o comunicado.

Reconstrução da ponte

O governo federal anunciou na terça-feira, 31, que contratou uma nova empresa para realizar obras de reconstrução da ponte Juscelino Kubitschek, que liga os estados do Maranhão e Tocantins. A obra terá investimento de R$ 171 milhões e, segundo o Ministério dos Transporte, será realizada pelo consórcio Penedo-Neópolis, formado pelas empresas Construtora Gaspar S.A. e Arteles Construções Limitada. A previsão é de que o trabalho seja concluído até dezembro de 2025.

Segundo o Dnit, o desabamento ocorreu porque o vão central da ponte cedeu. A causa do colapso ainda será investigada, de acordo com o órgão.

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