Fernando de Carvalho Lopes: crimes teriam ocorrido quando técnico atuava no Movimento de Expansão Social Católica (Mesc), clube particular de São Bernardo do Campo (Ricardo Bufolin/CBG/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 9 de maio de 2018 às 15h14.
Última atualização em 9 de maio de 2018 às 15h15.
São Paulo - O ex-judoca Tiago Camilo explicou por que pediu ao Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (COB) para apurar as responsabilidades tanto da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) quanto do coordenador de seleções, Marcos Goto, no caso que envolve denúncias de abuso sexual que o ex-treinador da seleção masculina Fernando de Carvalho Lopes teria cometido.
"Após a notícia do escândalo com a ginástica, a Comissão de Atletas decidiu mandar um ofício ao Conselho de Ética para apurar as denúncias. Os envolvidos têm cinco dias para apresentarem esclarecimentos conforme regimento interno do conselho. Esse processo correrá em sigilo absoluto", afirmou o ex-judoca, ao Estado.
Desde o início do ano passado, Tiago preside a Comissão de Atletas do comitê, grupo criado em 2009 para ser um interlocutor entre os atletas e o COB. O objetivo é oferecer sugestões e recomendações sobre quaisquer assuntos relacionados ao Movimento Olímpico.
Foi baseado em um ofício assinado por ele que o Conselho de Ética abriu um processo ético para apurar responsabilidades e pedir esclarecimentos da CBG e de Goto. No caso do coordenador, o envolvimento dele no caso se deu após algumas das vítimas de abuso terem citado que ele sabia dos boatos que envolviam Fernando em sua conduta no Movimento de Expansão Social Católica (Mesc), clube particular de São Bernardo do Campo (SP) onde os crimes teriam ocorrido. Alguns depoentes afirmaram que, além de não tomar providências, Goto ainda fazia piadas com atletas que passaram a treinar com ele após deixarem o Mesc.
Na última sexta-feira, o conselho intimou Goto e a confederação a apresentar informações preliminares, que podem ser dadas por escrito. Em tese, o prazo se encerra nesta quarta. A partir do que for informado, o conselho vai analisar se arquiva o caso ou inicia um processo investigativo. Para Camilo, seria o primeiro do gênero desde que assumiu o cargo.
"É o primeiro problema desde o início do nosso mandato. Estão surgindo outros problemas de ordem técnica (problemas de gestão e critérios de convocação), e estamos nos organizando para melhor atendê-los. Vários membros da Comissão são procurados em suas mídias sociais e decidimos elaborar um organograma que será apresentado ainda essa semana", disse o ex-judoca.