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Comissão da Verdade vai ouvir Romário sobre caso Marin

Atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, é acusado de envolvimento com a ditadura militar


	Romário: "As suspeitas sobre o presidente da CBF são graves e constrangedoras", disse o deputado em discurso na Câmara, no mês passado.
 (Agência Brasil)

Romário: "As suspeitas sobre o presidente da CBF são graves e constrangedoras", disse o deputado em discurso na Câmara, no mês passado. (Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 2 de abril de 2013 às 22h40.

São Paulo - A Comissão Nacional da Verdade receberá em audiência, nos próximos dias, o deputado Romário (PSB-RJ), presidente Comissão de Turismo e Desporto da Câmara. O encontro atende a solicitação do próprio deputado, que vai pedir ajuda para o esclarecimento das denúncias de envolvimento do atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, com a ditadura militar.

Ao anunciar o encontro, nesta terça-feira, em São Paulo, a advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha, uma das sete integrantes da comissão, disse que o grupo não tem posição formada sobre o caso. O objetivo, disse a jornalistas, é ouvir o que o deputado tem a dizer.

De acordo com a avaliação inicial da advogada, Marin não foi uma figura destacada entre os políticos que apoiaram a ditadura militar. "Pelas informações que temos, ele não era tão atuante", afirmou. "As suas manifestações de apoio foram episódicas. Era um deputado silente".

O anúncio do encontro com a Comissão ocorre um dia após o deputado ter ido à sede da CBF, no Rio, para entregar uma petição pública, com 55 mil assinaturas, pela saída de Marin da presidência da entidade. Romário acompanhava o organizador da petição, Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog.

Segundo informações reunidas por Ivo, o presidente da CBF participou indiretamente do assassinato de seu pai, sob tortura, em 1975. Na época dos acontecimentos, Marin era deputado estadual, filiado à Arena, partido que dava sustentação política à ditadura. Um pouco antes do assassinato, em aparte ao discurso de um colega de partido, na Assembleia, ele cobrou das autoridades esclarecimentos sobre a infiltração de comunistas na TV Cultura de São Paulo.

Herzog, que trabalhava na Cultura e era filiado ao Partido Comunista Brasileiro, foi preso e assassinado logo em seguida, nas dependências do 2.º Exército, em São Paulo.

No mês passado, no dia 14 de março, Romário fez um discurso na Câmara para falar do caso e pedir a saída de Marin. Foi quando mencionou pela primeira vez que pediria ajuda à Comissão da Verdade para a investigação. "As suspeitas sobre o presidente da CBF são graves e constrangedoras", disse.

O aparte de Marin foi lembrado nesta terça por Rosa Maria. Em seguida, porém, a advogada observou que teria sido uma das manifestações "episódicas" de apoio do então deputado à ditadura. "Fora esse discurso, há poucos pronunciamentos dele."

Para Ivo, o filho do jornalista, o papel de Marin não pode ser subestimado. Ele tem lembrado nas manifestações contra o presidente da CBF que, um ano após o assassinato do pai, o então deputado arenista subiu à tribuna para elogiar o delegado Sérgio Fleury, apontado por organizações de direitos humanos, como um dos mais ativos e violentos agentes da repressão no período ditatorial. Marin disse na ocasião que ele era um "herói".

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