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Comissão da Verdade chama Volkswagen e Embraer para depor

A Comissão da Verdade de SP chamou empresas como Volkswagen e Embraer a depor para verificar se colaboração com a ditadura levou a abusos de direitos humanos


	Veículos da Volkswagen: o Grupo Aliperti, a Cobrasma, a Codesp e o Metrô também foram chamados pela comissão
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Veículos da Volkswagen: o Grupo Aliperti, a Cobrasma, a Codesp e o Metrô também foram chamados pela comissão (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de fevereiro de 2015 às 16h55.

São Paulo - A Comissão da Verdade de São Paulo, que investiga crimes cometidos no Brasil durante a ditadura de 1964 a 1985, chamou Volkswagen, Embraer e mais quatro empresas a depor para verificar se a colaboração das companhias com o regime levou a abusos de direitos humanos.

Criada pelo legislativo do Estado, a comissão quer que as empresas “expliquem suas ações durante o período da repressão” em sessões na sexta-feira e na próxima segunda, de acordo com um comunicado.

As outras companhias convidadas são o Grupo Aliperti, a Cobrasma, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) e a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô).

As empresas foram selecionadas com base na força dos indícios de que elas colaboraram com os militares para reprimir e intimidar sindicalistas, afirmou Sebastião Neto, advogado trabalhista que atua na comissão.

As companhias não têm obrigação legal de enviar representantes para testemunhar, mas algumas disseram que o farão, segundo Neto.

“É hora de ouvirmos uma justificativa das empresas”, disse ele à Reuters.

Uma porta-voz da Codesp disse que sua empregadora irá enviar um representante à sessão de segunda-feira, mas não quis fazer mais comentários. Representantes da Cobrasma e da Embraer, que era controlada pelo governo antes de ser privatizada em 1994, recusaram-se a comentar.

A Volkswagen, o Grupo Aliperti e o Metrô não responderam aos pedidos de comentários.

No ano passado, a Comissão da Verdade de âmbito nacional criada pela presidente Dilma Rousseff encontrou documentos que indicam que dezenas de empresas brasileiras e multinacionais forneceram aos militares nomes, endereços e outras informações pessoais de sindicalistas.

Muitos destes funcionários foram demitidos, detidos ou assediados pela polícia, e passaram anos sem conseguir trabalho, mostrou uma investigação da Reuters.

A comissão nacional, que concluiu seu trabalho em dezembro passado depois de apresentar seu relatório, recomendou que os promotores tentem abrir ações civis contra algumas empresas. Alguns trabalhadores também pressionam por indenizações ou um pedido de desculpas.

Quaisquer declarações que as companhias forneçam serão incluídas no relatório final da Comissão da Verdade de São Paulo em março, que em seguida será encaminhado à Procuradoria-Geral da República.

Alguns promotores duvidam que os indícios sejam fortes o suficiente para render ações. A comissão cogitou convocar as empresas para testemunhar no ano passado, mas acabou desistindo, porque alguns membros acharam que fazê-lo chamaria atenção mas proporcionaria poucos indícios novos palpáveis.

A passagem do tempo também complicou os esforços. A Cobrasma, por exemplo, ainda existe como entidade legal, mas encerrou suas atividades em 1998, de acordo com seu site.

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