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Comércio fura quarentena e leva multa de R$ 70 mil em São José dos Campos

A cidade tem o maior número de casos de coronavírus no interior paulista. Na região do Vale do Paraíba, o número de casos positivos subiu 150% em uma semana

São José dos Campos: a cidade tem ao menos 78 casos e dois óbitos confirmados pela doença (Reprodução/Wikimedia Commons)

São José dos Campos: a cidade tem ao menos 78 casos e dois óbitos confirmados pela doença (Reprodução/Wikimedia Commons)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de abril de 2020 às 10h29.

Última atualização em 10 de abril de 2020 às 10h32.

Ao menos 14 estabelecimentos comerciais foram autuados e receberam multas que totalizam 70.000 reais por furar a quarentena, em São José dos Campos, interior de São Paulo. A cidade de 721.000 habitantes, no Vale do Paraíba, tem o maior número de casos confirmados de coronavírus no interior paulista e reforçou as medidas de isolamento.

A Guarda Civil Municipal, que acompanha as equipes de fiscalização, está orientada a conduzir os infratores ao plantão policial em caso de resistência. Os guardas já reprimiram "fluxo" de jovens à noite e interromperam grupos de caminhadas em parques fechados ao público.

Na manhã da última quinta-feira, 9, um mês após o primeiro paciente positivo, a cidade tinha 78 casos e dois óbitos confirmados pela doença. Havia ainda 504 casos suspeitos e 11 mortes em investigação.

Os hospitais públicos e particulares registravam 79 pacientes internados, sendo 31 em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Os nove hospitais da cidade dispõem de 269 leitos de UTI, dos quais 114 em hospitais públicos. Nesse início da pandemia, 12% desses leitos estavam ocupados.

A ala onde funcionava a pediatria do Hospital Municipal foi transformada para atendimento exclusivo de pacientes do coronavírus. O setor ganhou 34 leitos de UTI e 12 de enfermaria. Na entrada, foi instalada uma tenda para triagem dos casos.

O Hospital Regional, vinculado ao Estado, ganhou 20 novos leitos de UTI. Os abrigos para moradores de rua tiveram o número de vagas ampliado de 218 para 270.

No esforço para conter o vírus, um decreto baixado no último dia 7 pelo prefeito Felício Ramuth (PSDB), em sintonia com o governo estadual, restringiu o acesso até mesmo a alguns serviços essenciais, como os supermercados. Os estabelecimentos estão limitando a entrada a uma pessoa em cada 15 metros quadrados da área interna de exposição de produtos. Placas alertam sobre a limitação, mas não evitam as filas.

A advogada Luciana Oliveira, moradora da cidade, conta que nos primeiros dias houve relaxamento na quarentena porque só havia casos suspeitos da doença. "Agora que está tendo morte, as pessoas estão tomando mais cuidados. Mesmo assim, ainda se vê gente aglomerada em pontos de ônibus."

A prefeitura chegou a suspender o transporte gratuito de idosos, população de maior risco, mas a justiça derrubou a medida. Para reduzir a aglomeração no interior dos coletivos, o município determinou o funcionamento do transporte coletivo com a frota total em horários de pico.

Em todo o Vale do Paraíba, o número de casos positivos subiu 150% em uma semana. A cidade de Taubaté chegou a oito casos confirmados, mesmo número de Caraguatatuba. São Sebastião teve seis casos e Jacareí, quatro. Outras oito cidades confirmaram os primeiros casos. Há mortes confirmadas também em Caraguatatuba (duas), Taubaté e Jacareí.

Em Campos do Jordão, sem casos confirmados, mas com 24 suspeitos foram instaladas barreiras sanitárias no acesso à cidade para barrar a entrada de turistas neste feriado.

Em São José dos Campos, profissionais da saúde festejaram, na segunda-feira, 6, a recuperação da aposentada Nathalina Cilona, de 96 anos, após ser acometida pelo coronavírus. A idosa recebeu alta após 12 dias internada em unidade de tratamento intensivo de um hospital particular.

Antes de pegar o vírus, ela já havia sido internada por ter sofrido um acidente vascular cerebral. A sobrinha Heloisa Zaghetto postou a recuperação de Nathalina em rede social, contando que ela já voltou a andar e até mandou um recado a todos. "É muito difícil, mas tenham esperança", disse a idosa.

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