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Combate ao fumo precisa ser revisto, defende estudo

Estudo mostra que medidas antitabagistas adotadas no Brasil tiveram um resultado muito desigual entre populações de baixa e alta renda


	Fumo: porcentual de fumantes entre os cidadãos com menos de sete anos de escolaridade foi mais de duas vezes maior do que o registrado entre aqueles com pelo menos um ano de universidade
 (GettyImages)

Fumo: porcentual de fumantes entre os cidadãos com menos de sete anos de escolaridade foi mais de duas vezes maior do que o registrado entre aqueles com pelo menos um ano de universidade (GettyImages)

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Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2013 às 19h55.

Brasília - A política de combate ao fumo no Brasil precisa ser revista, defende trabalho preparado pelo Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Cetab-Fiocruz). O estudo mostra que, apesar de os números gerais serem positivos, as medidas antitabagistas adotadas no País tiveram um resultado muito desigual entre populações de baixa e alta renda.

"Pobres fumam mais e têm menores índices de abandono do fumo. As mensagens de alerta, as políticas de prevenção e tratamento não chegam como deveriam a pessoas com menor renda", resumiu a coordenadora do trabalho, Vera Luiza da Costa e Silva. 

De acordo com Luiza, resultados que deixam claro a necessidade de se repensar, por exemplo, as mensagens de alerta das embalagens dos cigarros. "Elas têm de ser concebidas e testadas entre integrantes de classes econômicas mais pobres", disse. O mesmo, completa, deve ser feito com populações de áreas rurais, também mais refratárias às mensagens.

"Os dados deixam claro que o fumo não é um problema resolvido no País. É preciso ir além, pensar estratégias específicas', disse a diretora executiva da Aliança de Controle do Tabagismo, Paula Johns. O trabalho foi feito a partir da análise das Pesquisas Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN) e Especial de Tabagismo, de 2008. A análise mostra que, embora o tabagismo de modo geral tenha caído no País, em alguns grupos, isso acontece num ritmo muito mais lento.

O porcentual de fumantes entre os cidadãos com menos de sete anos de escolaridade foi mais de duas vezes maior do que o registrado entre aqueles com pelo menos um ano de universidade. Fumantes de classes econômicas menos privilegiadas gastam mais com cigarros do que outros grupos. Comparativamente, eles têm menos lazer, gastam menos com educação, com saúde, aponta o trabalho. "Os efeitos são mais perversos", resumiu Luiza.

Tanto Luiza quanto Paula afirmam que, além da necessidade de uma revisão na estratégia das campanhas de alerta contra o fumo, o governo deve trabalhar de forma a ampliar o preço do cigarro no País. Uma tática, afirma Luiza, que poderia ajudar a combater o tabagismo sobretudo entre as classes econômicas menos privilegiadas. "O cigarro no Brasil ainda é um dos mais baratos do mundo", afirma. Procurado, o Ministério da Saúde não se manifestou.

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