Brasil

Combate à corrupção exige participação, diz especialista

Protestos de junho de 2013 foram movimentos pontuais e pouco numerosos em relação ao tamanho do país, segundo diretor do Instituto Auditores Internos do Brasil


	Marcha Contra a Corrupção: segundo especialista, os jovens não se empenham suficientemente para reduzir desvios
 (Antonio Cruz/Agência Brasil/Agência Brasil)

Marcha Contra a Corrupção: segundo especialista, os jovens não se empenham suficientemente para reduzir desvios (Antonio Cruz/Agência Brasil/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de outubro de 2014 às 05h28.

Os mecanismos de controle governamental do país, responsáveis por identificar irregularidades e desvios, estão muito melhores atualmente que no passado, mas a população ainda é pouco engajada nessas questões. “Eu diria que a população está desacreditada [do combate à corrupção]. Os jovens não se empenham suficientemente”, disse à Agência Brasil o diretor do Instituto Auditores Internos do Brasil, Paulo Gomes.

Segundo o auditor, as manifestações de junho de 2013, que levaram milhares de pessoas às ruas de diversas cidades brasileiras, foram movimentos pontuais e pouco numerosos em relação ao tamanho do país. De outro lado, Gomes ressaltou o papel da imprensa para pressionar por resultados nas investigações de corrupção. Ele também destacou que a reputação de uma empresa ou um órgão é muito importante e um escândalo financeiro pode resultar em perda de credibilidade.

Os temas estão sendo discutidos, a partir de hoje (19) até quarta-feira (22), por mais de 500 auditores de instituições públicas e privadas reunidos no 35º Congresso Brasileiro de Auditoria Interna (Conbrai), em Goiânia. O objetivo do encontro é discutir desafios e trocar experiências quanto a novas perspectivas no controle interno governamental do país.

Para o auditor, há uma evolução do processo de melhoria no controle e no combate a corrupção no Brasil, que, segundo ele, já foi pior. “Nos últimos anos, já houve o impeachment de um presidente da República e a cassação de governadores. Você vê, periodicamente, parlamentares sendo cassados e também situações de julgamento de processos na Justiça que antes não avançavam”, argumentou.

Apesar disso, ele observa que a Justiça ainda precisa dar resposta mais rápida a julgamentos desse tipo, para que a população não fique com a sensação de que há impunidade. “Para mim, a execução da apuração de corrupção avançou bastante, mas a questão do julgamento precisa avançar mais”, afirmou, lembrando que, em alguns casos, os processos até prescrevem pela demora.

Para o especialista, são muitos os fatores que contribuem para a descoberta de casos. “Hoje, é possível obter informações significavas na internet. O próprio governo vem incentivando o Portal da Transparência, onde ações de gastos públicos são colocadas , como, por exemplo, viagens a serviço no Brasil e no exterior e as compras de obras e serviços”

Paulo Gomes coloca como um dos maiores desafios a prevenção da fraude. “Combater a fraude depois que ela ocorre é complicado. O fraudador sempre está à frente, mas a partir do momento em que você cria mecanismos para controlar as informações principalmente financeiras você vai inibir a ação do fraudador, que geralmente acha que nunca vai ser descoberto. Às vezes o estrago financeiro não é tão grande quanto o da imagem da instituição”, lembrou.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoEscândalosÉticaFraudesPolítica

Mais de Brasil

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas

João Campos mantém liderança em Recife com 76% das intenções de voto, aponta Datafolha