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Com um olho no social, Barbosa dá mais peso ao Planejamento

Novo ministro assume com a difícil missão de levar agentes econômicos e a população a acreditarem em mudanças no 2º mandato de Dilma

Economista Nelson Barbosa, ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda e novo ministro do Planejamento (Reinaldo Ferrigno/Agência Câmara)

Economista Nelson Barbosa, ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda e novo ministro do Planejamento (Reinaldo Ferrigno/Agência Câmara)

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Da Redação

Publicado em 27 de novembro de 2014 às 15h06.

São Paulo - O economista Nelson Barbosa assume o Ministério do Planejamento com a difícil missão de levar os agentes econômicos e a população a acreditarem que mudanças na condução da política econômica serão feitas no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.

Barbosa tem ainda a possibilidade de levar a pasta a um nível mais alto em termos políticos e decisórios, ao formar o núcleo duro da nova equipe econômica com Joaquim Levy e Alexandre Tombini, novo ministro da Fazenda e presidente do Banco Central, respectivamente.

Barbosa tem como bônus as afirmações feitas desde o ano passado, quando deixou a secretaria-executiva do Ministério da Fazenda por não concordar com o rumo que estava sendo dado à política econômica, com críticas destacadas ao lado fiscal.

O ex-secretário-executivo, com perfil informal e constante interesse em aprender, traz a marca de quem busca aliar maior responsabilidade fiscal e política social.

Com forte currículo acadêmico, o novo ministro do Planejamento é elogiado por quem já trabalhou com ele e considerado um "líder nato", contaram à Reuters pessoas que convivem ou conviveram com ele.

Nascido em 1969, o carioca e vascaíno também foi secretário de política econômica e de acompanhamento econômico do Ministério da Fazenda, tendo como chefe Guido Mantega, que deixa o posto depois como o mais longevo ministro da Fazenda da história da República.

Pouco antes de sua saída da secretaria, Barbosa passou a bater de frente com o secretário do Tesouro, Arno Augustin.

Criticou fortemente nos bastidores a condução da política fiscal --recheada de manobras-- e a falta de transparência na comunicação, posição que arranhou inclusive seu relacionamento com a presidente Dilma Rousseff.

Tudo agora devidamente aparado para a sua volta ao Executivo.

Após sua saída do governo, em junho de 2013, Barbosa fez diversas críticas abertas à política econômica. Essas posições podem ajudar a diminuir uma eventual rejeição que sua relação com o governo petista poderia trazer por parte de agentes econômicos.

Apesar de nunca ter sido filiado ao partido, Barbosa tem afinidade com a bandeira social do PT e frequenta o Institulo Lula, do ex-presidente Luiz Inácio da Silva.

Em setembro, Barbosa chegou a afirmar que um ajuste na economia brasileira teria que contemplar aumento gradual da meta de superávit primário e maior flutuação do câmbio.

Social X Mercados?

Mesmo defendendo mais rigor e mais transparência na política fiscal, o interesse de Barbosa pela distribuição de renda faz dele um nome que talvez traga o equilíbrio entre maior rigor fiscal e a manutenção das políticas sociais que caracterizam o governo petista.

O interesse pelas políticas sociais foi destacado por seu orientador no doutorado na New School for Social Research, em Nova York, Lance Taylor. Segundo ele, Barbosa tem forte interesse sobre a dinâmica de distribuição de renda e a situação da pobreza.

Quanto à competência de Barbosa como economista, seu antigo professor afirmou que ele é, "pelo menos", tão competente quanto Edmar Bacha --um dos criadores do Plano Real-- e melhor que outros economistas renomados, como Armínio Fraga, que ocuparia o Ministério da Fazenda se Aécio Neves (PSDB) tivesse derrotado Dilma nas eleições deste ano.

Além de ter suas habilidades técnicas elogiadas por quem trabalha com ele, Barbosa é considerado uma pessoa agradável.

"Ele é muito agregador com a equipe dele. Ele é líder, as pessoas que trabalham com ele têm muita fidelidade", disse a fonte, que trabalhou com o ministro por cerca de dois anos.

"Ele é razoavelmente descontraído e informal, gosta de brincadeiras, mas ao mesmo tempo é muito sério e estudioso, lê e estuda muito."

Barbosa exerceu ainda outros cargos dentro da administração pública. Passou pelo Banco Central de 1994 a 1997, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entre 2005 e 2006 e pelo Ministério do Planejamento, em 2003.

No mesmo ano em que foi aprovado em concurso para o BC, Barbosa passou ainda nos concursos para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e para a Petrobras, no entanto, escolheu o BC.

O novo ministro também foi presidente do Conselho de Administração do Banco do Brasil de 2009 a 2013 e membro do conselho da Vale entre 2011 e 2013.

Até ser convidado por Dilma a assumir o Planejamento, Barbosa estava atuando como professor titular da Escola de Economia de São Paulo (FGV-EESP), além de ser professor-adjunto do Instituto de economia da UFRJ, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV) e membro dos conselhos de administração da Cetip e do Banco Regional de Brasília.

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